A Pop não morde!

A Pop não morde!

“Ai, isso é tão pop…” ou “ a banda x está a ficar tão comercial!” são coisas que me farto de ouvir, ditas como depreciativas. (Já aqui defendi que pop e comercial não são sinónimos; mas também não vem mal ao mundo que coincidam!) Há quem por vezes fique quase ofendido por a sua banda preferida ter um single que passa nas rádios. Mas vá lá ver, mudar um bocado de registo de vez em quando é algo que as bandas fazem, e do meu ponto de vista, parece-me algo saudável, não? O problema em geral é com este registo específico. Por exemplo, desde há uns anos que a electrónica passou a ser pelo menos passagem inevitável a tudo o que era banda: rock, pop, indie, alternativo, o-raio-que-o-parta, toda a gente quis meter uns samples, e não vi ninguém muito ofendido. Porque é que ter mais elementos pop é tão condenável?

O entretenimento, puro e duro, tem um papel extremamente importante nas nossas vidas, mas acho que tendemos todos a esquecer-nos disso. Tendemos a esquecer-nos que nem tudo pode ser profundo e elevado, que às vezes é necessário desligar os nossos pequenos cérebros, dar-lhes algum espaço para recuperar do caos do tudo-e-mais-alguma-coisa em que vivemos. Há quem veja futebol, há quem veja séries, há quem leia revistas cor-de-rosa, há quem ouça pop. Nada disso substitui nada do resto. É só mais uma coisa, as pessoas (as que ouvem música, como as que a fazem) não são planas.

Também eu já fui um adolescente pseudo-alternativo, mas entretanto cresci, e aceitei que nem tudo gira à volta do meu umbigo e que há coisas bem feitas em registos que não têm porque ser o meu. E a verdade é que a pouco e pouco também a pop voltou ao meu mp3. Não deixei de gostar das outras coisas, porém. Foi uma surpresa engraçada perceber que ninguém me bate (há quem tenha vontade, mas ninguém tem tanta lata) por durante a minha última entrega de Projecto ter alternado entre Britney e Converge, horas e horas a fio. Porque cada um me deu coisas que o outro não poderia. A pop é bem-disposta, é alegre, não quer mudar o mundo nem se leva demasiado a sério. Isso não é bom nem mau, é simplesmente o que é: perfeitamente adequado para determinados momentos ou estados de espírito. Quem nunca dançou a Saturday Night da Whigfield com um grupo de amigos numa discoteca aleatória devia experimentar, é super divertido.

Nicki Minaj não é muito a minha praia (que expressão bem escolhida), mas acho este vídeo-clip especialmente representativo de tudo isto. Acho-o genial, desde a primeira vez que o vi. Ou só eu é que vejo a ironia na postura dela?

Isto, meus senhores, é a pop a dizer que se está nas tintas e que vai continuar a fazer a sua cena.

Ah e tal, mas é mal feito, musicalmente não tem qualidade, as letras são terríveis, etc, etc. Eu não tenho qualquer formação musical, a minha opinião é simplesmente de alguém que gosta de muita coisa diferente, isso vale o que vale. Mas diria, ponto número 1, que há-de haver pop bem feita, mesmo segundo esses critérios. E ponto número 2, que me parece que, pelo menos em alguns casos, se não existe essa dita qualidade, é antes de mais porque se trata de todo um outro paradigma, não creio que a Lady Gaga tenha a pretensão de fazer coisas tecnicamente muito xpto, embora tenha formação para tal.
Portanto: goste-se ou não de pop, há que dar-lhe o seu mérito.

Tirirarara, pessoal!

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