Alma descansada, corpos nem por isso. Bem-vindos ao segundo dia de PdC!



Alma descansada, corpos nem por isso. Bem-vindos ao segundo dia de PdC!



Cave Story arrancam o segundo dia com uma performance com um Punk Rock com tudo no sítio. A banda das Caldas, trouxe material excitante e cheio de potencial que até, arriscamos dizer, assenta numa espécie de mortalidade do género. Desde Punk Academics, que queremos muito ouvir o que estes rapazes conseguem fazer. Em termos de expectativas, foram mais do que superadas, já que foi um concerto cheio de vigor, letras irregulares e uma criatividade malcomportada. Esperamos apanhar um concerto destes tolos em nome próprio e esperamos que não demore.

Khruangbin abrem o palco principal. O trio de Houston é conhecido por misturar influências musicais de todo o mundo. Entre um som que roça e mergulha no soul, funk, rock instrumental, e até dub com muito psych, tudo num intervalo entre o Funk Tailandês de 1960 e o Rock Persa de 1970. O trio levou-nos numa viagem no tempo e espaço, entre diferentes continentes e diferentes épocas. Tudo isto numa performance cheia daquela qualidade a que já nos habituaram. Sobre estes senhores, o The Guardian disse: “Sultry soul record that sound like the Thai funk cassettes your granddad might have played to get an orgy going in 1967”. Há quem considere esta opinião negativa, nós achamos um elogio do mais alto gabarito.

Stella Donnelly é uma artista de Gales que se mudou para Perth, Austrália quando era pequena. Juntou -se a uma banda de covers de Greenday no liceu e logo depois do liceu, tornou-se numa estudante de jazz contemporâneo. Uma mudança um pouco abrupta, mas quem somos nós para falar disso. A meio da performance, a frontwoman sondou o público sobre cerveja de m****, se havia alguma em portugal. “SAGRES”, foi a resposta unânime. Promovendo o seu mais recente trabalho, Beware of the Dogs, stella traz a paredes um Indie que se balança entre o pop, rock e o folk. Uma performance sólida que veio consagrar a estreia da cantora por terras lusitanas.

De volta ao palco principal, é a vez de Alvvays roubarem as luzes da ribalta. A banda já pisou grandes palcos como Glastonbury em 2015 e Coachella em 2016, pouco depois da front woman Molly Rankin se ter juntado a The Jesus and Mary Chain numa performance na Austrália. Desta vez, o grupo Canadiano trouxe o seu indie pop, shoegaze e “alguma coisa ali” no dream pop, debaixo do braço para o Couraíso.

No palco vodafone FM já se ouvem os primeiros sons saídos da mente de Boy Pablo. A Banda da Noruega preenche o palco secundário com o seu indie pop rock. A 15 minutos do início, Boy Pablo tinha já uma pequena legião à espera, preparada e super fã. A banda assenta a performance numa produção meia lo-fi, de mão dada a letras diretas e riffs que teimam em não sair do ouvido. A banda conseguiu um lugar ao sol, logo depois do videoclip do tema Everytime, ter sido colocado em destaque pelo Youtube, em Maio de 2017, chegando assim ao estatuto de Viral. Subscrevemos logo ao canal, façam o mesmo.

No palco principal do Couraíso, é a vez de Car Seat Headrest entreterem a multidão. A banda de indie rock, chega com força e com um som introspectivo de lo-fi, ao mesmo tempo melódico e com uma construção muito ambiciosa e dinâmica. Para quem conhecia ficou a confirmação, novamente, da grande banda que são.

O compositor, músico e produtor, Avi Buffalo, chega a Paredes de Coura com uma alt, low key rock que arrasa a plateia e não toma nomes. Em disco, percebe-se mais calmaria, ao vivo, com uns pózinhos e uns arranjos, essa calmaria transforma-se numa festança e celebração do rock´n´roll. A voz, ou melhor, a maneira como ele conta uma história, faz lembrar um pouco o Ben Gibbard de Death Cab for Cutie, sim, não? Digam coisas. Grande concerto!

Aclamada banda entra em palco ao som de Das Rheingold: Vorspiel. Um presságio para a grandeza que se avizinhava. Depois de ter uma recepção de Rei, já que muitos estavam de cá para isto e outros, nunca tinham colocado os ouvidos no trabalho de New Order. A banda não tarda em lançar Singularity seguido de Restless e pousando um bocadinho em Joy Division com os temas She’s Lost Control e Transmission. Nesta altura, com a plateia em êxtase, era claro que que estávamos perante os deuses do electro rock. Gingando entre o synth-pop, post-punk, new wave e o rock alternativo, New Order vieram com tudo o que tinham. Seguem se temas como: Your Silent Face, Tutti Frutti, Subculture e claro, Bizarre Love Triangle. A plateia respondia com o dobro do calor que vinha de New Order, eles notaram. Houve tempo para tudo. Bernard Summer ofereceu umas baquetas mid show e ainda desejou feliz aniversário a um feliz aniversariante do lado do Couraíso.

Waiting for the Sirens Call, dá seguimento à festa, seguida de Plastic, True Faith, e o grande Blue Monday. Temptation fecha o que viria a ser o set da banda de Manchester. Com a plateia a levantar relva, gritando e batendo palmas, não havia nada que não satisfizesse a vontade do povo como um encore. Não foi bem pedido, foi mais uma exigência. O povo quer, o povo tem. Durante o concerto não faltaram inúmeras referências a Joy Division, especialmente a Ian Curtis. New Order entram novamente em palco com com algumas pérolas de Joy Division e encerram uma performance que deixou Coura de joelhos no chão com Love Will Tear us Apart. Bernard Summer sorri, ao ver todo o amor que vem do Couraíso. Tentando fazer sentido desta noite: da beleza deste espaço e a onda de gente que está à sua frente. Um concerto ao mais alto nível. Bem, o povo da banda já andava nisto e metade do povo de aqui ainda nem andava de fraldas. Reis!

Capitão Fausto estão de volta ao palco principal.
Tivemos a vez da banda tuga tomar as rédeas do palco. A banda de Alvalade entra em grande com “Amanhã tou melhor”, e são recebidos como só Coura sabe. 
Os jovens lisboetas, conduzem a noite com temas como: Amor, A Nossa Vida, Santa Ana e Morro na Praia.
 Apesar de se perceber que os temas mais novos tocam na demografia mais juvenil, percebemos que os temas antigos têm o mesmo efeito, mas no público mais velho. 
De volta à Gazela com o tema Teresa, Capitão Fausto mostram uma sonoridade que traz saudade, uma alternativa a um motif mais “juvenil”, por falta de melhor termo, que têm contemplado o último disco. 
Estes rapazes deram um concerto que fez com público esquecesse, por momentos, que antes um pouco, New Order estiveram ali.




O after esteve entregue, e bem, a Acid Arab e Krystal Klear que inundaram o Couraíso de sonoridades bem mais electrónicas numa festarola magnífica. 

Até amanhã, Coura.

Texto: Márcio Machado
Fotografia: Nuno Coelho

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