Anton Newcombe e Hamilton Leithauser fizeram valer o dia

Anton Newcombe e Hamilton Leithauser fizeram valer o dia

Segundo dia de Vodafone Paredes de Coura arranca com Garota Não. Muito se tem falado sobre o pseudónimo de Cátia Oliveira que atinge o reconhecimento geral a chegar aos 40, mostrando que o talento não tem idade. A cantora e compositora conseguiu no concerto de abertura deste segundo dia de festival, uma plateia extremamente bem composta. Foram muitos os que abdicaram de mais uns minutos no rio para ouvir e deliciar-se ao som de Garota Não.

Numa atuação a roçar a perfeição, a Garota tornou-se Mulher e conquistou o público, que já não precisava de mais uma conquista mas que, deixou-se conquistar com as suas melodias que se entranham e não descolam. A Garota será sempre bem recebida por todos e provavelmente num palco maior.

Seguiu-se o cantautor Tim Bernardes. O músico brasileiro teve as honras de abertura do palco principal e contou com uma plateia que se deixou emocionar pelas suas canções. Tim Bernardes a solo não transporta consigo a energia de Terno mas cativa pela sua simplicidade e pelas suas melodias apaixonantes.

Os The Brian Jonestown Massacre são os senhores que se seguem no palco Vodafone. Confessamos que quando soubemos da confirmação do coletivo liderado por Anton Newcombe surgiu em nós uma remota expectativa que esta edição de 30 anos do Paredes de Coura fosse composta por um certo psicadelismo e rapidamente sonhamos em bandas como The Night Beats, Black Rebel Motorcycle Club ou mesmo os The Black Angels para um dia perfeito de Couraíso. Ficamos no sonho.

Anton Newcombe e companhia já têm muitos anos de experiência em estrada e a exigência do musico norte americano é sempre elevada. Tudo tem de estar perfeito. E esteve quase perfeito! Faltou o público. Se nas imediações do palco tínhamos fãs incondicionais da banda, à medida que subíamos o anfiteatro dos sonhos, caía em nós uma certa angústia pelos clarões existentes na relva. Mas isso não foi problema para os The Brian Jonestown Massacre que foram apresentando os seus temas, sendo que Anemone e Pish foram os temas que agarraram mais o publico.

Já com a noite bem posta, seguem-se os The Walkmen, liderados pela inconfundível voz de Hamilton Leithauser que imana energia por cada decibel debitado. Temas que todos sentimos saudades fizeram deste um dos momentos mais emotivos da noite, tendo The Rat, Angela ou Heaven acolhido as reações mais quentes da noite.

Já com a noite bem dentro, Loyle Carner subiu ao Palco Vodafone para uma concerto emocional e eletrizante. O músico londrino trouxe-nos canções suas, que retratam a sua vida e que geraram na plateia uma empatia abismal. Muitos foram os temas que Carner teve o apoio do público de início a fim, onde se limitou a fazer uma espécie de “back vocals” uma vez que a plateia mostrava que tinha os seus temas na ponta da língua. Foi mútuo o agradecimento e ficou aberta a um regresso de Loyle Carner a Paredes de Coura.

Eram quase duas da manhã e chegava o tempo de Fever Ray. Uma vez mais vamos parecer os velhos do Restelo, mas concertos com a dimensão de Fever Ray não pode ter um começo tão tardio. Muitos foram os que abandonaram o recinto a seguir a Loyle Carner. Outros tantos lamentavam-se por ter de esperar até tão tarde. É cultural que os eventos em Portugal durem até ao amanhecer. Felizmente, somos privilegiados e podemos assistir a música ao vivo por este mundo fora e em quase todos os países os festivais terminam pouco depois das 24h. Os mais jovens vão dizer que estamos velhos. A produção defende-se que o festival continua com público, mas nós sentimos cada vez mais a necessidade de mudar hábitos. Sabemos que isso não se faz de um dia para o outro mas podemos começar por algum lado! O concerto de Fever Ray propriamente dito foi um espetáculo de cor e luz, dança e gente feliz (os resistentes).

23 Vodafone Parede de Coura - Dia 2

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