Com o fim de semana a esgotar os últimos cartuxos, deslocamo-nos ao Hard Club para assistir à estreia dos Black Flag à cidade do Porto.
Greg Ginn, único representante da fundação do coletivo californiano que conta com a voz de Mike Vallely, skater profissional que dá aos Black Flag a energia necessária para continuar como um dos expoentes maiores do punk rock underground, Harley Duggan no baixo e Charles Wiley na bateria sobem ao palco como toda a simplicidade que o punk comporta e abrem as hostilidades Can’t Decide, num ritmo provocador que prepara a plateia para os picos agrestes da intensidade que a plateia aguardava, tornando a frente de palco num lugar energético onde ninguém fica fica no mesmo lugar por mais do que 3 segundos.

Dos mais aos menos jovens, todos mostravam-se genuinamente felizes com o que se estava a passar em cima do palco. A música é provavelmente o elo de ligação mais eficaz entre gerações que 40 anos depois carregam as mesmas preocupações e angústias. O punk rock relata essas questões duma forma mais crua e menos polida. 40 anos depois os Black Flag continuam a ser a bandeira de muitos que se revêm na sua música e atitude.
Costuma-se dizer que o primeiro disco de uma banda é aquele que fica na cabeça dos fãs e isso ficou bem claro na noite de ontem. Tema após tema o público mostrava-se preparado para cantar, gritar e gesticular em direção ao palco mas em temas como Gimmie Gimmie Gimmie, Six Pack ou TV Party o êxtase foi outro. Rise Above transportou-nos para outra dimensão onde o caos é mais do que bem vindo e é sinónimo de alegria contagiante.
Dois anos depois de sermos forçados a mantermo-nos distantes uns dos outros, os Black Flag fizeram da celebração da música onde a partilha é a base de tudo, uma noite inesquecível para quem marcou presença numa das salas mais importantes da cidade do Porto que tanto tem dado à cultura nacional e mais concretamente à musica.
