Foi com a sala 2 da Casa da Música repleta que os Blind Zero subiram ao palco para uma grande noite de celebração. 20 anos do disco de estreia é sempre um marco na carreira de uma banda, ainda para mais, quando se trata de uma das bandas rock menos protegida pelo media e que na maior parte do tempo se posicionou orgulhosamente no segmento mais independente da música.
Trigger marcou uma geração de miúdos que só tinham o movimento de Seattle como expressão artística. Por muito que, actualmente, a banda liderada por Miguel Guedes, queiram demarcar o seu início de carreira do movimento grunge, é inegável que esse, foi a faísca para uma chama que ainda hoje arde.
Os Blind Zero sobem então ao palco e começam a todo gás com Into the Mystic e Big Brother, mostrando logo à partida para o que vinham e que ainda estão aí com muito rock nas veias para dar e vender. Enquanto Trigger estava a ser minuciosamente dissecado, chega a altura de chamar Mário Benvindo, um dos elementos originais da banda, para actuar em Keeping in Wonder e assim acalorar ainda mais a noite, onde os sentimentos estiveram à flor da pele.
Altura de se visitar outros temas de outros tempos, e Skull, Redcoast e Shine On sobem a palco, para que Trigger não se esgotasse rapidamente. Como as bandas de rock têm sempre baladas, Amen caiu na sala 2 da Casa da Música como um refresco num dia de calor.
Tempo de chamar Marco Nunes, outro dos elemento originais dos Blind Zero, para dedilhar a guitarra em Heart of Mine e My House. Marco continua com a mão bem afinada, soltando dum “quem toca assim não é maneta” da plateia.
Slow Time Love e Back to the Fire de Luna Park, um dos últimos registos dos Blind Zero anteciparam Wake Up (Gloria) e Maniac Inland, temas mais carismáticos que ainda conseguem transmitir ao público a energia dos 90.
Ao fim de mais de uma hora e meia, chegou o tempo para um natural encore, onde trouxe os heróis da noite prontos para concluir a visita a 1995 e a celebração merecida de Trigger. Water e More Than Ever anteciparam aquele que é seguramente um dos singles mais ouvido de sempre dos Blind Zero. Hoje, Recognize ainda é aquele tema que muitos acreditam ter o ADN da banda do Porto.
O concerto termina ao som de Keep on Rockin’in the Free World, tema imortalizado por Neil Young e que é usado por inúmeras bandas de rock para terminar concertos e que serve também como uma exaltação de liberdade.
Os Blind Zero mudaram a sua sonoridade desde Trigger, estão mais melódicos, mais meticulosos na composição artística e por consequência, menos agrestes nas guitarras. Isso reflectiu-se na generalidade dos temas tocados na noite de sexta feira, no entanto, na generalidade, o chamado “power” continua intacto nos Blind Zero e o nós agradecemos.
Alinhamento:
- Into the Mystic Trigger
- Big Brother Trigger
- Nowhere Trigger
- No Soul Trigger
- Woman Trigger
- Keeping in Wonder Trigger com Mário Benvindo
- Skull Redcoast
- Redcoast Redcoast
- Shine On The Night Before and a New Day
- Amen Trigger
- Heart of Mine Trigger com Marco Nunes
- My House com Marco Nunes
- Slow Time Love Luna Park
- Back to the Fire Luna Park
- Wake Up (Gloria) Trigger
- Maniac Inland Trigger
- Encore
- Water Trigger
- More Than Ever Trigger
- Encore
- Snow Girl Luna Park
- Recognize Trigger
- Encore
- Keep on Rockin’in the Free World