De regresso a Coura para a trigésima edição do festival com mais identidade do país. Este ano muito se falou da falta de nomes importantes do panorama musical alternativo e emergente. Também defendemos a tese que 30 anos de Paredes de Coura mereciam mais nomes importantes para todos nós. Mas como qualquer treinador, jogamos com o plantel que a direcção nos permite jogar e vamos para todos os jogos para vencer!
Começamos a edição de 2023 com os italianos Calibro 35. Durante todo o concerto sentimos sempre que estávamos num filme de Marcello Mastroianni com direito a acção e mistério. O coletivo italiano que assenta a sua sonoridade num funk cinemático com influências dos roots do hip hop, agarrou bem o público do palco Vodafone.
A abertura do palco principal ficou a cargo dos ingleses Dry Cleaning. A banda londrina que nos delicia com a sua sonoridade post-punk e nos leva a viajar pelo nosso interior depressivo sem duvida que conseguiu acalmar a adrenalina e desfrutar deste maravilhoso e (ainda solarengo) final de tarde. O quarteto britânico mostrou-se sempre honrado por fazer parte deste aniversário e fez questão de o referir inúmeras vezes, tornando este momento ainda mais especial.
Segue-se Snail Mail. A cantora e compositora abriu-nos o apetite com um presença, ritmo e irreverência que nos convida a uma dança sentida. As suas musicas melodicas e penetrantes aliadas à sua capacidade de usar as palavras certas para descrever as emoções mais dificeis deixam um coração a desejar por mais.
Tempo para os Yo La Tengo e tão acarinhada mistura de noise e indie da banda natural de New Jersey ecoou no couraíso. Hipnotizante, acolhedor e reconfortante, como os conhecemos e como nos fazem sempre sentir com a sua sonoridade. Yo La Tengo que nostalgia maravilhosa. Um concerto que celebrou aquilo que faz de Paredes de Coura um momento esperado por todos durante 12 meses!
Os norte americanos Julie estrearam-se em Portugal com um público ansioso. A sua energia e irreverência denunciam num único acorde o shoegaze, art rock e grunge que preenchem as suas musicas. Não se iludam pelos rostos jovens, a sua maturidade e confiança em cima do palco foram abismais.
No palco Vodafone FM os britânicos Squid regressaram a Portugal com a sua fusão do post-punk com sonoridades eletrónicas numa performance enérgica. A banda demonstra ao vivo uma habilidade de explorar uma ampla gama de sons e estilos musicais. Combinando a abordagem sonora com letras intrigantes e uma atitude inovadora, a banda destacou-se uma vez mais, numa noite empolgante que conquistou fãs e atraiu a atenção de todos ao redor do Palco.
Frank Carter dispensa apresentações mas para quem não conhece, rapidamente não esquece os seus concertos conhecidos como um espaço seguro e livre de preconceito onde podemos deixar-mos levar pela musica e euforia. Os êxitos essenciais não faltaram e um espetáculo incrível levamos na memória deste primeiro grande dia.
A noite termina com a pop de Jessie Ware. Acreditamos que este não é o palco para o concerto de Jessie Ware. Ouviu-se em todo o recinto que este concerto era claramente um erro de casting.
Por muito sucesso que Jessie Ware tenha tido nesta noite, temos a certeza que o Paredes de Coura, daqui a 10 anos, não se lembrará deste concerto neste dia!
