Depois não se queixem

Depois não se queixem

Portugal é cada vez mais, fonte de grandes músicos.

Esta afirmação por si só deveria ser o elo de ligação dos músicos com o grande público, mas não é.

Vivemos períodos de grande agitação social e fraco poder económico das famílias portuguesas, e isso sente-se dramaticamente no universo musical nacional. As vendas têm vindo a decrescer e os concertos pagos parecem estar a perder adeptos.

Teremos qualidade a mais para o poder económico dos portugueses? Ou poderemos estar a falar numa gestão de recursos das famílias, mais concretamente dos jovens consumidores de música? Acredito que a segunda opção seja a mais acertada para o cenário actual. No entanto, fico preocupado com as escolhas tomadas.

Nos dois maiores pólos populacionais, a oferta é vasta, e é com algum agrado que se observa a abertura de novos espaços para a divulgação musical. Recentemente a abertura do Sabotage Club em Lisboa e o GNRation em Braga, vieram dar aos artistas nacionais mais dois espaços para promoção.

Na cidade do Porto o Hard Club domina a oferta musical para ouvidos menos eruditos, suportado pela qualidade acústica das salas, que torna este espaço numa das salas mais apetecíveis para os artistas. Mas nem tudo são rosas… Os consumidores nocturnos quando têm que escolher entre um concerto ou uma ida a um bar ou discoteca qualquer para ouvir o DJ Manhoso, optam pelo mais fácil, o DJ Manhoso… os 10 € ainda dão para duas ou três bebidas. Mas quando se ouve que o artista XPTO vem a Portugal, a tristeza apodera-se, por vezes raiva do centralismo, mas é o centralismo que vai suportando as promotoras em concertos com menor visibilidade. Não são poucas vezes que a Casa da Música tem de oferecer bilhetes para que os eventos tenham uma plateia repleta, mas neste caso concreto, o preço dos concertos neste espaço são por norma mais elevados.

O Hard Club tem apresenta um vasto leque de estilos musicais, mas apenas nos concertos dos XPTO’s consegue preencher as salas, mesmo que os concertos sejam a preços muito reduzidos. 7€ por 2 concertos e um DJ Set “é dado”, no entanto, no passado dia 31 de Setembro, Kalu e os TAPE JUNk, acompanhados à guitarra por Frankie Chavez não conseguiram mais de 75 pessoas. O público da invicta não estará preparado para tanta diversidade? Ou será que o público da invicta não está preparado para a qualidade dos novos projectos nacionais?

Analisando o panorama nacional, apenas Lisboa consegue ser palco para artistas que estejam a iniciar a suar carreira. Pelo seu aglomerado populacional, será mais simples juntar 300 ou 500 pessoas para assistir a um concerto. As populações mais a norte apenas suportam grandes nomes, e aí não olham aos 80€ que têm de pagar para ver uma banda comercialmente em alta mas musicalmente em queda livre… Será esse o preço da comercialização do conceito? Isso é outro assunto… fica para depois!

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