O Sol está aí e a musica chama no Meco para mais um dia daquele que é o festival mais camaleónico por terras lusitanas.
Hoje o dia traz Phoenix, FKJ, Shame ou Charlotte Gainsbourg, o que prevê umas horas bem animadas com rock, electrónica ou pop.
O dia inicia-se bem cedo com os Galgo a abrir o palco LG. A banda de Lisboa trouxe até ao Super Bock Super Rock as suas sonoridades psicadélicas que tão bem encaixou neste cenário. Grande parte da actuação dos Galgo foi virada para o último Quebra Nuvens editado no ano passado, deixando os temas de Pensar Faz Emagrecer para o a parte final do concerto, onde Skela fez a plateia dançar incessantemente.

Entretanto no Palco EDP subiam os Conjunto Corona. Por estes dias Santa Rita Lifestyle ou Chino no Olho já são olhados como hinos para as mais diversas faixas etárias (com principal destaque para o norte do país). O colectivo gondomarense faz das suas actuações uma espécie de performance com o Homem do Robe a assumir o destaque só pela sua presença e pela oferta do saboroso hidromel. O hip hop dos Conjunto Corona atinge o público bem la no fundo deixando o público duma forma geral a entoar as suas músicas.
Regressamos ao Palco LG para ouvir os Fugly. Com um punk rock descomplexado e forte, a banda do Porto trouxe ao SBSR aquela pitada de rock sujo com a atitude certa. Millenial Shit e Morning After foram revisitados onde não faltaram temas como Take You Home Tonight ou Waste My Time. Os Fugly deixaram-nos aquele gostinho na boca tão importante que só o rock consegue dar aos seus fãs.

Tempo agora para os Calexico e Iron & Wine subirem ao Palco EDP para a apresentação de Years To Burn, disco editado ainda em 2018. O cenário é apropriado a estas texturas que flutuam pela folk norte americana de Sam Beam e a indie caliente dos Calexico.
O concerto foi uma viagem intimista com os presentes no Palco EDP por ambientes relaxados que nos levaram a atmosferas simples e melancólicas. É por demais evidente que este colectivo está desenquadrado neste festival, quer pelo resto do cartaz, quer pela o tipo de público que escolheu o Meco para umas férias com música.

Está na hora de se abrir o Palco Super Bock e os Shame têm a honra de o fazer. O colectivo londrino formado em 2014 tem aqui a sua segunda visita a festivais nacionais, depois de no ano passado ter roubado o coração dos portugueses numa actuação intensa e exemplar no Vodafone Parede de Coura. Como é natural, a expectativa estava alta, e o conjunto liderado por Charlie Steen não deixou este estatuto em mãos alheias. Com um concerto forte, intenso e sujo, como o rock deve ser, os Shame têm a atitude certa para melhores slots em palcos principais.
Está na hora do Palco LG fechar as portas com os The Twist Connection. A banda de Coimbra reúne elementos icónicos do rock nacional. Carlos Mendes, A.K.A. Kaló e Raquel Ralha são as vozes de um colectivo que destila rock n’ roll pelos poros do seu corpo. Quando sobem a palco, mostram exactamente isso, uma postura de quem sabe de onde vem e para onde vai. Stranded Downtown, último disco do colectivo conimbricence, foi visitado com principal destaque para temas como Night Shift ou Turn of The Radio.

No Palco EDP os Capitão Fausto continuam a sua viagem pelo hype por eles alcançado. Os Capitão Fausto têm os Dias Contados é o disco que muda o paradigma musical da banda, recorrendo agora a sonoridades mais melódicas e complexas. O abandono total daquele rock de “pedal amarelo” trouxe-lhes outro tipo de público, essencialmente mais velho, mas melómano. Em palco já não há tanta energia como em Gazela e Pesar o Sol, daí os alinhamentos dos concerto serem baseados nos dois últimos discos.
Tomás Wallenstein e companhia já não andam aqui para aprender, e em palco são os 5 dedos de uma mão, complementando-se e provocando experiências a quem tem a feliz ideia de escolher aquela hora de música.
No Palco Super Bock, Christine and the Queens prepara uma actuação digna da Brodway. Heloise Letissier é uma artista de revista. Ela canta, dança, alinha coreografias e é sempre a principal peça de uma performance preparada ao milímetro para que nada falhe. Musicalmente esconde-se entre a pop dos dias de vivemos e as texturas funk que marcaram a carreira de Michael Jackson. É essencialmente um espectáculo visual que não defrauda fãs, mas que questionamos se é escolha acertada para um festival de verão como o Super Bock Super Rock.

Está na hora de regressar a França e Charlotte Gainsbourg mostra-nos como fazer uma viagem pela electrónica intensa mas melancólica e texturas depressivas mas poderosas. Com uma estrutura de luzes forte, Charlotte entrega-se aos muitos que a aguardaram e a simbiose foi perfeita.
Heaven Can Wait e Bombs Away foram aqueles temas que mais animaram a plateia, provocando alguma agitação positiva no público através de alguma hipnose característica nas texturas digitais que nos transportam até aos anos 80.

Esta na hora dos Phoenix subirem ao Palco Super Bock para aquele que era o cabeça de cartaz deste dia. Com uma carreira que fala por si, já são muitas as visitas a Portugal deste colectivo francês. Não se escondendo atrás do sucesso, os Phoenix encaram o público do SBSR duma forma séria e competente. Lisztomania, Girlfriend e 1901 provocam no público reações de grande euforia. A banda francesa ainda transmite a energia e a presença de um verdadeiro cabeça de cartaz, não defraudando quem se importa com a qualidade na performance.
Tempo de viajar até ao Palco EDP para receber o one man show FKJ. O músico francês assenta as suas sonoridades por ambientes próximos da Soul e do Rn’B, texturas muito em voga por estes tempos. Depois de Phoenix, FKJ garantiu a maior falange de apoio. Nas filas da frente notava-se algum histerismo digno de jovens à espera dos Tokio Hotel. Mas FKJ é músico dos pés à cabeça e constrói os seus temas através de samplers que os completa com teclas, guitarra ou saxofone.

A noite termina ao som do DJ Kaytranada que transformou o palco Super Bock numa enorme pista de dança, gerando nos resistentes a sensação duma boa escolha. Quem ficou dançou durante mais de uma hora e meia e não se sentiu defraudado.