Antes do seu concerto no festival Fusing falamos com Frankie Chavez, um músico independente e com um estilo muito próprio.
Confortável com o seu percurso, que considera real e genuíno, confessa que gosta de tocar ao vivo e de sentir o feedback do público.
A propósito de festivais, preferes este tipo de formato ou concertos em sala?
“Gosto dos dois. Em ambos os sítios dá para fazer bons espectáculos e boas actuações e gosto de uma coisa mais intimísta mas também gosto de festival. Já fizemos auditórios em que vamos ao mais silencioso dos silêncios e até nos auditórios metemos rock e partes mais barulhentas e aqui também temos o espectáculo preparado para festival, para palco grande. Tentamos adaptar. Tenho alguma pena de nestes festivais não conseguir ir ao silêncio dos silêncios, como já vi acontecer em alguns festivais com bandas e artistas que sigo e que conseguem ir buscar aqueles momentos mais íntimos. Mas é um caminho e acho que ainda hei-de lá chegar.”
Como descreverias o teu som, o teu estilo?
“Isto, até por ordem mais cronológica, mistura um bocado o folk, com o blues e com o rock. Eu comecei muito acústico, a fazer apenas instrumental e depois comecei a compor e a escrever canções mais folk, meti logo ali um pouco de rock no meio e acho que a minha base é o blues mas abre para outros lados. Ultimamente tenho estado mais barulhento, mais ligado ao rock, também por aquilo que ando mais a ouvir. Eu sempre ouvi muita música acústica porque eu comecei foi por ser guitarrista e depois é que veio o resto. O meu álbum Family Tree tinha muito do acústico e tinha também algumas coisas eléctricas. E estou numa fase em que tenho ouvido muita música eléctrica . São fases.”
Quanto ao processo de criação – sozinho é mais dificil?
Eu habituei-me a tocar sozinho, dai ter começado a tocar como one man band. As músicas também crescem e aparecem assim. Todas as minhas músicas funcionam só de guitarra e voz. Eu podia tocá-las acústicas. Vou incluindo um elemento ou outro consoante a música pede. Se a música pedir um solo de violino eu vou tentar arranjar alguém que o faça. Acho que é um processo.”
Não é assustador enfrentar um público sozinho?
Às vezes é. Mas depois quando começas a fazer a mesma coisa durante algum tempo torna-se não tanto assustador mas mais desafiante. Tentas chegar a toda e qualquer pessoa que está ali à tua frente. Às vezes consegues, às vezes não. Sem uma banda, falha um dedo e toda a gente nota. É mais humano. Às vezes vejo bandas, que soam como o disco. Eu acho que a cena é a performance. Ao vivo têm de trazer alguma coisa nova. Os meus temas nunca são iguais às versões do disco. Isso é que é desafiante. Gosto de um bom som mas com abordagens diferentes. A mesma banda faz versões da mesma banda ao vivo. É isso que eu tento fazer.”
Novos projectos
“Já gravei o meu novo disco.. A ideia é sair ainda este ano. É uma continuação do último disco, no sentido em que tem os dois mundos. O lado mais acústico, mais sereno e mais tranquilo e tem o lado mais eléctrico. Se bem que acho que neste, por ter ouvido mais coisas eléctricas nos últimos dois anos, os eléctricos estão um bocadinho mais fortes. Mas tem os dois mundos porque é no meio desses dois mundos que eu me encontro.”
Texto: Liliana Castro
Fotografia: Nuno Coelho