Sábado frio e chuvoso, e toca a marchar para o Hard Club para dois concertos a ver se aquecemos.
A música começa com um atraso de 25 minutos, quando o Modernos sobem ao palco da sala 2 do Hard Club. Antes de mais nada, vamos fazer aqui uma breve crítica, não aos Modernos, mas sim ao público que preencheu o Hard Club. É certo que os jovens gostam de “curtir milhões” cada minuto, cada momento, no entanto, a euforia demonstrada nesta noite era desproporcional em relação ao evento. É certo que os Modernos e as Hinds têm uma musicalidade bem energética, no entanto, haver “moche” em “baladas”, torna-os num grupo de miúdos inconsequentes sem noção do ridículo. Crianças à parte, vamos falar na excelente performance dos Modernos e das Hinds nesta noite.
Tomás Wallenstein, Manuel Palha e Salvador Seabra sobem então a palco para apresentar o seu longa duração já muito conhecido pelos portugueses e que tão bons momentos conquistaram. Temas como 24, Panado Cister, Sexta Feira ou Dia de Sol fizeram parte da setlist dos Modernos e uma vez mais, tiveram a capacidade de incendiar a sala 2 do Hard Club. Neste concerto, houve tempo para Salvador trocar de funções com Tomás, tendo o baixo ficado a cargo de Manuel Palha, teclista dos Capitão Fausto, e tivemos em palco El Salvador com Vegetal, um tema que tem rodado na Vodafone FM e que é marcadamente punk, algo bem diferente da sonoridade dos Modernos ou Capitão Fausto.
A noite não podia acabar sem o inevitável da Casa a Arder, e claro, a casa ardeu mesmo.
Mas as cabeças de cartaz desta noite eram sem qualquer dúvida as madrilenas Hinds, que não deixaram em mãos alheias os seus créditos. Com Warning With The Curling de entrada, tema mais calmo mas com intensidade máxima, as Hinds agarraram praticamente à primeira a atenção do público. A partir daqui, foi um desfile de Leave Me Alone, primeira disco da banda espanhola. Trippy Gum, San Diego, Castigadas en el Granero, Chili Town ou Garden fizeram naturalmente parte da setlist, onde se notou conhecimento do público em relação à música das Hinds.
Neste colectivo de quatro meninas, é notório que Carlotta e Ana Perrote detêm alguma preponderância na banda, pelo menos no aspecto comunicativo, deixando Ade Martin e Amber Grimbergen mais escondidas dos seus instrumentos.
A noite termina ao som de Davey Crockett e o Gabba Gabba Hey cantado em uníssono.
Comparando com o que vimos em Paredes de Coura, com meio ano pelo caminho, muitas milhas de avião, muitos quilómetros de estrada e muitas horas em cima de palco, é natural um maior profissionalismo e um menor encantamento das meninas para com o público, o que permite uma melhor performance, tornando a noite mais agradável para todos.
Ficamos certos que numa próxima visita, as Hinds serão na mesma muito bem recebidas pelo público nacional.