De uma folha em branco à vontade de criar, assim nasce White Haus, o novo projecto de João Vieira, com o qual conversamos.
“É muito difícil reinventares-te quando não estás a criar nada de novo.”
E passados 15 anos como DJ, João Vieira sentiu a necessidade de mostrar algo de novo ao público. Um processo complicado no inicio mas que surge de uma forma natural, sem grandes previsões ou antecipações comerciais.
“Quando as coisas são feitas de uma forma muito espontânea, natural e honesta acabam por funcionar muito melhor do que quando tentas fazer algo para agradar.”
A aposta do músico passa pelo formato EP, com quatro temas fortes que fizessem sentido juntos e permitissem manter a atenção sobre o projecto. Em versão vinil e digital, sem CD. Em sua representação o video ‘How I fell’, realizado por Vasco Mendes. O ponto de partida: um video internacional, um conceito minimal, a preto e branco, sem história, num ambiente de subúrbios de uma qualquer cidade, numa estética forte e coerente com a música. Música que sendo de dança tem a vantagem de ser “mais facilmente exportável porque não há fronteiras tão marcadas.”
Esta casa branca, mistura a Haus como referência “à musica electrónica alemã que faz parte das minhas influências e o White porque foi um projecto começado de raiz”. De raiz e a solo, o que, segundo nos confessa João Vieira, pode trazer grande satisfação quando se atingem resultados ou uma grande frustração também, mas essencialmente um ritmo e método de trabalho diferentes do trabalho em banda.
No entanto, “tudo é conciliável”, e há uma grande aprendizagem que se adquire e que é aproveitada. Explorar novas formas de fazer música, como também acontece com o X-Wife, Rui Maia, no projecto Mirror People, “permite crescer imenso a parte criativa” e aproveitá-la na banda.
“É importante não estares focado só numa coisa”. Mas reforça que a banda está bem e a trabalhar em material novo, mas com calma e sem pressão.
Num breve regresso ao passado, falamos sobre o Club Kitten, com o qual João Vieira agitou a noite portuense há doze anos atrás.
Realça que, de lá até agora muito mudou na noite do Porto, nos espaços que existem e na distribuição das pessoas.
Essencialmente acredita que “uma pessoa não pode esperar que uma fórmula funcione muitos anos, tem de se reinventar perceber que as coisas mudaram e criar coisas novas”.
Musicalmente, há uma base de coisas antigas de que gosta e que tem vindo a aprofundar mas também novos projectos aos quais está atento. Destaca uma nova onda musical em que os produtores criam música nos seus próprios estúdios e que sozinhos criam a sua própria banda.
Acerca do seu percurso: “não mudava nada. (… ) É bom saber que já tenho algum percurso, já passei por vários projectos e lançar uma coisa nova com feedback positivo. É importante as pessoas estarem constantemente a educarem-se. Há quem pare no tempo… é importante estar constantemente a descobrir coisas novas e novas formas de fazer música.”
Quanto ao estado da música portuguesa acredita que está bem e reforça a importância de que esta seja cada vez mais global e de fácil acesso a todos. “O que interessa é que a música soe bem”, independentemente de onde é feita.
Quanto aos novos formatos de ouvir música, como o Spotify, no qual está presente, realça a grande incerteza que se vive. Podem surgir novos formatos a qualquer momento, têm de ser equacionadas novas formas de as bandas ganharem dinheiro, fazendo face a processo ilegais de obtenção de música e à escassez de concertos e de dinheiro para eles, num país pequeno como o nosso e em que o circuito se esgota facilmente. Um impasse a ser ultrapassado com “amor à camisola”, envolvimento em vários projectos e apostas em vários formatos como é o seu caso com actuações DJ Set, Live Act e Live Band. Em duas palavras, adaptar e criar.
Entre outras datas na agenda destacamos White Haus a 14 Julho em formato Live Band no Optimus Alive.
O disco está disponível para compra no bandcamp e pode ser ouvido em plataformas de streaming como o spotify.