Para acabar o ano, a renovada NOS Discos é a promotora daquele que acreditamos ser o disco nacional de 2014. Tudo o que podíamos esperar de um super grupo nacional, composto por super músicos, que sabem exactamente o lugar que ocupam e que sabem como nos podemos sentir felizes, é superado com este disco.
Pode parecer um pouco histérico, mas desde a primeira audição até à data, o sentimento em relação a Keep Razors Sharp só aumenta. Audição após audição, conseguimos encontrar pormenores que só a simplicidade do rock consegue ocultar e que nos deixa cada vez mais extasiados.
Em 2013 Turbo Lento consegui exaltar em nós um “isto é do caralho”… em 2014, Keep Razors Sharp faz-nos dizer exactamente a mesmíssima coisa.
A crueza e brutalidade do rock puro e bruto é extraída em temas como I See Your Face ou 9th, onde se sente cada corda a entrar-nos veias a dentro sem pedir licença e a tomar conta do nosso corpo. O revivalismo de outras décadas do rock é também celebrado em temas como By The Sea e Cold Feet. Entramos numa espécie de máquina do tempo e sentimos a intensidade de um certo psicadelismo dominado por guitarras agrestes e baixos preponderantes que nos fazem levitar na transcendência duma V dimensão onde só os predestinados nos conseguem levar.
Há também muita orientalidade neste primeiro longa duração dos Keep Razors Sharp e The Lioness e Sure Thing são o expoente desse vertente mais world do disco. É aqui que sentimos que tudo pode ser interligado desde que seja bem feito, e em Keep Razors Sharp foi tudo cruelmente trabalhado até mais ínfimo detalhe de forma a termos uma masterpiece do rock nacional.
Este não é um disco para rádios tradicionais. Este é um disco para se sentir. Este é um disco para ser celebrado.
A cereja em cima do bolo, é o artwork belíssimo que Sara Feio conseguiu executar, provando que o rock anda intimamente de mão dada com a estética e a beleza.