Levitation France 2021

Levitation France 2021

Estávamos todos com saudades de um festival como deve ser. A espera foi longa e ansiávamos por nos reunir novamente em torno do que é mais importante para nós, a Música! Justificados nesta ansiedade incontornável decidimos perder dedicar algum do nosso tempo a um dos festivais de música mais carismáticos do planeta, o Levitation.

A nossa vontade era de ir até ao Texas e marcar presença no Levitation que ocorre em Austin, mas este ano optamos pela extensão europeia deste festival e fomos até Angers marcar presença no Levitation France.

Estávamos com algum receio do que íamos encontrar. Um festival num país diferente onde as “regras sanitárias” estão mais “avançadas” do que em Portugal deixou-nos algo apreensivos. Rapidamente esse sentimento diluiu-se e a celebração começou.

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A edição deste ano do Levitation recebeu pouco mais de 3000 pessoas por dia em open air, com 2 palcos muito próximos, o que garantiu que os tempos mortos não existiam e uma organização irrepreensível e diversidade alimentar dentro do recinto.

Destacamos o processo de troca de pulseiras, que foi feito à entrada com a simples apresentação do certificado de vacinação/teste negativo e bilhete. Algo muito rápido e intuitivo que acelerou o processo.

O festival inicia-se com a actuação dos Nova Matéria, banda formada pela francesa Caroline Chaspoul e o chileno Eduardo Henriquez e que apresentam texturas poderosas e hipnóticas geradas por elementos crus combinadas com eletrónicas, viajando pelo post punk, rock e dance music. Com estes ingredientes misturados, a abertura de um festival que marca pela independência, esteve completamente assegurada.

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Seguimos para o palco principal onde subiras as espanholas Melenas. Foi para nós surpreendente assistir a quatro jovens de Pamplona a unir sonoridades psicadélicas com harmonias quentes e veraneantes. A alegria imanada no palco foi sempre bem refletida para o publico gerando uma energia e cumplicidade entre todos os que permaneciam no recinto.

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Seguiu-se Sonic Boom, numa espécie de one man show da música eletrónica e que era muito aguardado pelo público francês. Peter Kember, guitarrista dos icónicos Spaceman 3 criou Sonic Boom para exprimir a sua fusão da electrónica mais lo-fi com a pop mais dançável. Um início de noite que não será esquecido tão cedo.

Seguiram-se os franceses Mars Red Sky e a primeira explosão do stoner rock mais intenso que não deixou ninguém indiferente. A Jogar praticamente em casa, a banda de Bordéus não jogou pelo seguro e foi uma verdadeira pedra no charco neste primeiro dia de festival. Rock intenso, despreocupado e com a atitude que se pede quando o head banging é tudo o que os rockeiros precisam!

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Seguiram-se os catalães Dame Area numa actuação performativa completamente out of the box numa intensidade industrial com um toque de EBM recorrendo aos sintetizadores e a texturas tribais. Numa actuação mais voltada para a dança, os Dame Area não apresentam um som consensual nem tão pouco agradável a ouvidos mais duros ou formatados.

A noite terminará ao som dos The Limiñanas naquele que era definitivamente o concerto mais aguardado do primeiro dia de festival. Marie e Lionel trouxeram consigo uma entourage que preencheu esta actuação de temas psych rock intensos, muito cinematográficos e que atingiu o climax com Que Calor, primeiro single do novo disco De Pelicula. A actuação dos The Limiñanas viajou até Shadow People e Malamore sentindo-se a influência do amigo Anton Newcombe nos temas do coletivo frances, num evento que não poderia ter melhor banda sonora.

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A noite era fechada desta forma forte, alegre e dançável que abria o apetite para o dia seguinte.

O dia começou menos bem, com a chuva a aparecer sem que fosse convidada, mas como as saudades da música ao vivo eram mais fortes, todos nos equipamos de capas e proteções para a chuva e pusemos pés ao caminho, rumo ao Le Chabada para assistir ao primeiro concerto do dia.

A tarde começa ao som Wild Fox, os meninos da casa, que trouxeram uma actuação mais leve, dum garage rock a dizer olá à pop mas que nos manteve sempre atentos com os seus temas mais orelhudos.

Seguiu-se a britânica Anika na primeira experiência dos problemas técnicos oriundos da intempérie que antecedeu o início do festival. Mesmo com alguns problemas técnicos, Anika e a sua banda manteve-se sempre bem disposta e preparada. Após alguns minutos de espera, Anika presenteou o Levitation com o seu post punk que diz olá à pop numa actuação forte e carismática.

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Seguiram-se os Zombie Zombie que actuaram com Sonic Boom, num turbilhão caótico de texturas e sonoridades onde as eletrónicas se fundiram duma forma inconstante mas com uma coerência arrepiante.

Os britânicos Lice trouxeram o caos que faltava neste fim de dia. Uma vez mais os problemas técnicos voltaram-se a sentir mas apenas serviu para os Lice carregarem as baterias e transformarem o open air do Le Chabada numa autentico apocalipse corporal de todos os que de alguma forma expressavam a sua forma de dança pelos sons imanados pelo coletivo de Bristol.

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Seguiram-se os franceses SLIFT, banda que ganhou toda uma nova dimensão com o último disco Ummon e a participação nas Levitation Sessions. Este eventos foram o mais próximo de um concerto que vivemos enquanto estivemos confinados e o coletivo de Toulouse proporcionou um momento alto neste tempo estranho de nos fixar-mos em frente a um ecrã para assistir a qualquer tipo de arte.

No Levitation France a performance dos SLIFT foi muito melhor do que nas sessions, uma vez que os tínhamos em carne e osso à nossa frente e sem o auxílio de um ecrã!

E que concerto! Nada ficou por fazer, nada ficou por tocar, nem uma gota de suor ficou por cair! A fusão do garage rock com pitadas de psicadelismo e texturas de rock industrial fazem desta banda algo que nos deixa acreditar que o mundo pode continuar a ter musica honesta, despreocupada com as massas das melodias pop menos trabalhadas e mais fáceis!

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Depois duma chapada bem dada na cara, precisávamos de relaxar e nada melhor do que a entrada em cena das Los Bitchos, um quarteto feminino que nos chega de Londres e que apresenta uma versão de rock dançável com texturas fora do padrão do rock dançável. Repletas de ritmos latinos e orientais, muita disco e funk, psicadelismo qb e uma panóplia de guitarras dos 80 fazem das Los Bitchos.

Ainda sem um disco editado, as Los Bitchos já se apresentam com uma das promessas para 2022 e certamente terão pela frente muitos verões com agendas cheias.

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Para terminar esta edição open air tivemos os Shame. E que concerto!

É difícil eleger um cabeça de cartaz quando temos The Limiñanas, SLIFT, Mars Red Sky ou Shame. Com estes nomes temos a certeza que o bilhete fica muito bem pago e que de certeza não vamos derramar uma lágrima pelo investimento feito.

A banda do sul de Londres é conhecida pela intensidade em disco e pelas suas performances ao vivo que não deixam ninguém indiferente e no Levitation a coisa foi exemplarmente cumprida.

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Aqueles metros em frente ao palco foram um mosh pit constante onde não faltou o stage diving da banda e o crowd surf do público. Aquele caos controlado que nunca pensamos ser tão importante para nós.

Os temas de Songs of Praise continuam a ser mais bem recebidos, mas acreditamos que Drunk Tank Pink também irá ter o seu destaque quando esses temas estiverem mais assimilados por todos.

O Levitation France ganhou mais dois fãs tugas. Seja a trabalho, seja em lazer, 2022 terá a nossa presença!

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