Levitation France 23 – o primeiro dia

Levitation France 23 – o primeiro dia

Uma vez mais marcamos presença no Levitation France que decorre na bonita cidade de Angers e que acolhe o melhor do psychedelic e indie rock, bem como as bandas mais promissoras deste género músical.

Este ano tivemos The Dandy Warhols e Altin Gun como cabeças de cartaz, bandas emergentes como os Acid Dad, Tramhaus, Lambrini Girls, Crows ou Ulrika Spacek e nomes mais do que confirmados como as L.A. Witch, os franceses Forever Pavot, os Porridge Radio, a nova coqueluche da musica britânica ou os norte americanos Cloud Nothings.

Uma vez mais, felicitamos a organização do Levitation pela facilidade de procedimentos e pela gestão da capacidade do evento. O festival esgotou os dois dias e nunca se sentiu “muita gente” no recinto. A gestão entre os bilhetes para vender e o conforto de quem está no recinto é levada muito a sério e em momento algum há a sensação de aperto.

O concerto de Big Wool abre as hostilidades e uma vez mais, estamos diante de uma banda da cidade, criando assim uma ainda maior ligação do festival com a cidade.

Seguem-se as inglesas Lambrini Girls, ou melhor, as luso inglesas, uma vez que a baixista Lilly Macieira é natural de Braga e fala o nosso portugês com o belíssimo sotaque minhoto. A banda formada em Brighton chegou ao Levitation com vontade de marcar presença e garantir a atenção de todos. Missão cumprida. Logo ao segundo tema, Phoebe Lunny, vocalista e guitarrista da banda, invadiu a plateia e gerou o caos no recinto do festival. O punk esta-lhes no sangue e não se conseguem dissociar da sua natureza, o que fez desta atuação algo único com energia, irreverência e atitude punk.

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Seguem-se os Ulrika Spacek que nos chegam de Londres e apresentam uma sonoridade que combina elementos do shoegaze, do noise rock e do post-punk. A banda que ganhou reconhecimento pelas suas composições atmosféricas e psicadélicas tinha como missão render o caos das Lambrini Girls e como o público do Levitation sabe que não se pode dar tudo na primeira hora sob pena de não se chegar ao fim do dia, os Ulrika Spacek com as suas texturas alternativas e envolventes ganharam a atenção do público num concerto competente.

Momento para novo caos com os ingleses Crows que trazem consigo uma mistura poderosa de post-punk, rock alternativo e noise rock.  Com a liderança de James Cox na voz, os Crows atraíram a atenção com uma performance enérgica repleta de paixão e visceralidade. Com temas sombrios, melancólicos e agressivos e temas que exploram a luta interna, a alienação e a condição humana, a banda encheu-se de vontade e provocou uma atuação turbulenta e inquietante.

Tempo para um dos momentos mais aguardados do dia, a atuação dos norte-americanos Cloud Nothings.  A banda de Cleveland, Ohio, liderada pelo talentoso vocalista e guitarrista Dylan Baldi, é um dos nomes mais importantes da cena indie e punk americana graças ao seu som enérgico e cativante. Foi notório que nas primeiras filas se viveu este concerto duma forma mais emotiva e feroz. Com riffs de guitarra intensos, expressões vocais explosivas e uma energia infecciosa, nem uma falha técnica que calou as munições principais do festival em aproximadamente 10 minutos fez com a banda abrandasse o ritmo o que foi muito bem recebido pelo publico presente.

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A noite começa a mostrar sinais de presença e é o momento para Forever Pavot, banda francesa liderada pelo multi-instrumentista e compositor Emile Sornin e que mescla elementos do rock dos anos 60 e 70, da música pop viajando até ao psicadelismo, criando assim uma abordagem única e cativante à música. Os Forever Pavot são neste momento um dos nomes mais sonantes da música alternativa francesa que pela ansiedade vivida no recinto, sabíamos que estávamos diante de um momento especial neste festival. Emile e companhia não defraudaram o público presente oferecendo uma hora de sonoridades complexas mas cativantes com um sabor retro que nos deixou a todos saudosistas.

Tempo para o coletivo neerlandês Altın Gün que neste momento é uma das referências do universo psych rock e que funde sons tradicionais da música turca com elementos contemporâneos e da cena psicadélica. Com uma abordagem única e refrescante, os Altın Gün têm conquistado o seu espaço internacionalmente e cativado o público de uma forma geral graças à sua fusão cultural e sonoridade cativante.

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Com a missão de revitalizar e reinventar a música turca tradicional, adicionando camada de elementos de ambientes indie e com muito groove a banda combina instrumentos tradicionais, como o saz (um instrumento de cordas turco), com elementos modernos, como guitarras distorcidas, teclados e bateria pulsante. Essa fusão única de sons cria uma atmosfera envolvente e dançante e que caiu no Levitation France como uma luva. Um concerto único de texturas orientais que nos fez viajar durante os 80 minutos de atuação da banda de Amesterdão.

A noite não podia fechar sem mais um banda francesa e a missão caiu em cima dos ombros dos The Psychotic Monks e o seu rock experimental e pós-punk, com uma abordagem sonora única e uma presença de palco intensa que marcou a sua noite com riffs de guitarra distorcidos, bateria agressiva e uma intensidade em cima do palco que não deixou ninguém indiferente. Com composições marcadas por uma sensibilidade artística profunda onde exploram temas existenciais, introspecção e caos emocional, os The Psychotic Monks criaram uma atmosfera densa e imersiva, que nos mergulhou num turbilhão de emoções que ainda nos está a ser complicado de superar.

Fechamos assim o primeiro dia de Levitation já ansiosos pelo segundo e último dia de festividades.

Deixamos aqui as fotos do primeiro dia pelo olhar do Nuno Coelho.

Levitation France 2023 - 0527

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