Mais um dia de magia em Paredes de Coura

Mais um dia de magia em Paredes de Coura

cd

Chegamos ao recinto para encontrar Derby Motoretas Burrito Kachimba a ocuparem o palco Vodafone FM.

Nuestros hermanos de Sevilha chegam com um gaspacho feito de efeitos psicadélicos, um rock garage com um bocadinho de glam e eyeliner. Estes senhores varrem Coura com todo o power que pode vir do país do lado.

Com menos plateia do que mereciam, a proposta agradou a muito povo espanhol, que ocupou, desde logo, os lugares da frente.

Já no palco principal, cabe a uns jovens de Leiria apelidados de First Breath After Coma encher os corações dos “couraísienses”.

Com muita pessoa estendida no relvado, a banda lusitana chega ao palco com uma proposta carregada com mais do que um post-rock experimental, atmosférico e por vezes meio folk. Chegam com um intervalo de emoções que vão desde o feliz a um registo mais melancólico. É impossível não assinalar o potencial da banda e o todo o espetáculo que sai dali. Concerto com “C” grande, a banda cresce a passos largos!

Sem título

Diretamente da Bélgica, Balthazar fazem a sua estreia, em território nacional, no palco Vodafone FM.

Com uma plateia muito bem composta, sinal que já existem fãs que antecipavam o momento, a banda entra em palco com o seu Indie pop/rock sexy em alta.

Correndo os hits dos seus 4 álbuns, a banda apresenta temas como Bunker, Wrong Vibration e Blood Like Wine, apresentando coisas que vêm de 2004 para cá.

Com uma plateia derretida pela sonoridade que os belgas trouxeram a Coura, podemos afirmar, com toda a certeza, que levam mais fãs do que os que encontraram no início do show, isso e amores platónicos.

O americano Jonathan Wilson leva Coura num passeio por uma sonoridade folk com notas de psych rock, country e um R&B aqui e acolá. Abençoou Coura com hits como Desert Raven, Trafalgar Square, Loving You. O antigo guitarrista de Roger Waters, já colaborou com grandes nomes da música: David Crosby, Graham Nash, Jackson Browne, Mike Campbell, Benmont Tench, e claro, Father John Misty.

O concerto acaba, marcando a sua presença nos corações de muitos meninos e meninas de PDC.

Sem título

Quarteto enigmático de Londres ocupam o palco Vodafone FM com um post-punk experimental e matemático.

Com uma “anarquia cuidada” como base de composição, eles levam o seu indie experimental para uma altura mais esotérica, magnética e improvisada da coisa. Experimentação é a chave, a banda confessou que como não tem tempo para ensaios, aproveita o tempo em palco para fazer algumas jams e ver o que pode ou não servir para o seu próximo registo, isto em palco, live.

Um projeto promissor que deixa muito para descobrir, já que a banda afirma que o próximo álbum não vai refletir os black midi de hoje. Muita coragem para quem já tem uma legião de seguidores e só um álbum, Schragenheim.

O que é preciso são bandas que não se confortam só por terem descoberto uma fórmula que resulta. Independente da fórmula, tudo ficou rendido ao quarteto londrino. Esperamos ansiosos por ver as aventuras que esperam estes jovens.

Sem título

Deerhunter: o quarteto de Indie rock entra em palco e não demora a presentear Coura com o tema Cover me (Slowly) seguido de Agoraphobia e Death in Midsummer.

Um rock experimental com jeitos de psych e garage rock rapidamente conquistam os presentes na encosta do palco principal. No One´s Sleeping, What Happens to People?, Helicopter, Revival e Desire Lines seguem o alinhamento da banda de Atlanta, que é recebido com toda a pompa e circunstância que assiste a uma banda desta classe.

A banda reconhece Paredes e sente-se feliz por tocar, num fim de tarde, num sítio que parece saído de um sonho molhado de um arquiteto paisagístico. A banda fecha o seu ato com o tema Sailing, sem antes deixar uma dica ao público de PDC com o tema, Take Care.

Estes caçadores saem de Coura com o sentimento de dever cumprido deixando corações partidos e novos fãs pelo caminho.

Sem título

Connan Mockasin: O neozelandês apresenta o seu trabalho embrulhado num registo de psych pop/rock numa onda muito experimental.

Em 2012 andou a rockar e partilhar palcos com Radiohead, enquanto estes andavam em tour. Entretanto criou uma série, chamada Boston n Dobsyn na qual entra e também cria toda a banda sonora que a acompanha. Tudo o que estou a dizer pode parecer mentira, não fosse o nome do seu mais recente trabalho JASSBUSTERS, nome da banda que protagoniza a série. Por pressão da editora, foi forçado a lançar o disco antes da série, coisa que na cabeça de Connan, tinha saído de mão dada. Fiquem atentos à coisa.

Um concerto muito próprio que fez refém toda a gente que estava ali para o assistir. Esperamos ver este senhor num contexto mais intimista num futuro próximo.

Jason Pierce pertenceu aos aclamados Spacemen 3. A toxicidade da banda que gingava em tempos áureos do Rock´n´roll onde coisas como drogas pesadas não eram uma sugestão, eram uma exigência, tornou impossível a sobrevivência da mesma. Jason, fundou Spiritualized, sendo o único membro que se foi mantendo desde o seu nascimento.

Sem título

Seguindo o espírito de Spacemen 3, a banda Inglesa de neo psych, space rock e dream pop inicia o concerto com temas como: Hold on, Come together, Shine a Light, Soul on fire, She kissed me (It Felt Like a Hit) e Perfect Miracle. Uma sonoridade que desperta boa e velha nostalgia que só uma boa banda, melhor, uma magnífica banda de rock nos pode trazer.

Com o público mais velho completamente entrosado na sonoridade de Spiritualized, ainda há tempo para conquistar novos seguidores.

Seguindo músicas como I am Your Man, Let’s Dance, on the Sunshine, Damaged e The Morning After, Pierce mostra o que 30 anos de palcos conseguem fazer.

Uma performance excelente, clássica, que acaba com Sail on Through e uma cover de Edwin Hawkings: Oh! Happy Day.

Sem título

Está na hora de Joshua Tillman, A.K.A. Father John Misty, subir a palco. A responsabilidade de fechar o palco principal de um festival como o Vodafone Paredes de Coura é sempre um fardo pesado de se carregar. Mas a coisa fica ainda mais pesada, pela atuação dos Spiritualized, tornando a missão de Father John Misty num patamar ainda mais elevado. Eis que o músico californiano entra novamente no Palco Vodafone, 4 anos depois de se ter estreado no Couraíso, e abre com Hangout at the Gallows, tema que abre o seu último registo de originais God’s Favourite Customer. Hollywood Forever Cemetery Sings é a malha que se segue e se havia alguém que ainda não estava rendido à performance de Joshua Tillman, aqui ficava com pouca margem de manobra.Ele canta, ele dança, ele faz a plateia cantar as suas músicas de olhos fechados.

Sem título

Segue-se Mr. Tillman, primeiro single do último trabalho que surgiu poucas semanas depois do ter ganho o Grammy de Best Recording Package para Pure Comedy e de não ter marcado presença na cerimónia por estar em tour pela Austrália, mas agravando a sua situação com um “I just wanna say fuck society, I just wanna say that this government is a criminal organization, uhhhh FlatEarth.com, please go check that out”,  demonstrando duma forma cabal a sua figura “diferente” com pouca paciência para os mediatismos sociais.

Os temas de Fear Fun e I Love You, Honneybear são aqueles que continuam a gerar momentos mais fortes de simbiose entre o músico e a plateia. True Affection, Strange Encounter ou Nancy From Now são exemplos claro disso mesmo. O concerto começa a aproximar-se do fim e está na hora de Chateau Lobby #4, um dos seus temas de maior sucesso e que é aclamado pelo público duma forma geral. Em Real Love Baby o Couraíso trona-se numa imensa plateia de declarações de amor, casais apaixonados que cantam de olhos colados e almas isoladas que se reflectem para si momentos privados.

A noite termina com I Love You, Honeybear e Date Night e ficamos com aquele sentimento que Father John Misty podia ter ficado ali até ao amanhecer que nós não arredaríamos pé.

Pedimos abertamente a Joshua Tillman “please come back” muito rapidamente porque ele faz falta, faz falta aos nossos corações.

Sem título

O after passa para sonoridades mais eletrónicas e dançáveis. A cargo de abanar todas as cabeças e todos os rabos ficam responsáveis o casal de pombinhos americano Peaking lights e os acentos do disco psicadélico do artista londrino Romare Bearden.

O conforto que procura quem, depois desta “festivalada”, não quer ir para a tenda, ou voltar a casa.

Amanhã voltamos para o último dia, é triste, mas Coura são 4 dias e só vive para sempre nos nossos Courações.

Previous post
Alma descansada, corpos nem por isso. Bem-vindos ao segundo dia de PdC!


Next post
Patti Smith vem a Coura!

Back
SHARE

Mais um dia de magia em Paredes de Coura