Motorama . Poverty

Motorama . Poverty

Da Russia Com Amor poderia ser o título de mais um disco do colectivo de Rostov que assenta a sua sonoridade no Post Punk oriundo da cena de Manchester do início dos anos 80, tão bem representada pelo eternos Joy Division.

Depois dos aclamados Calendar (2010) e Alps (2012), Poverty trás novamente os Motorama aos discos com um registo que prima reafirmação da sua identidade musical.

A Rússia começa a ser encarada como um dos países mais promissores da música mundial, e os Motorama são uma das maiores certezas, onde combinam exemplarmente a pop às sonoridades post punk. Musicalmente completos, não se consegue descortinar o instrumento predominante na música dos Motorama. Se a Bateria começa por marcar o tempo das canções, o baixo entra e recusa-se a ficar num segundo plano, sendo que, os teclados e a guitarra também entram nesta feroz equação pelo poder, garantindo que teremos um coligação instrumental irrevogavelmente perfeita.

O disco abre com Corona, um tema que nos faz saltar da cadeira para que dancemos saltitantemente numa melancolia que parece fundir toda a instrumentalização numa só melodia. Em Dispersed Energy avança a intensidade do baixo e da bateria, sendo harmoniosamente compassados pelos teclados remetendo-nos definitivamente para Manchester. Red Drop e Impractical Advice é tudo aquilo que esperamos que os Motorama façam, a tal coligação entre todos os músicos e os seus “brinquedos”.

Heavy Wave é a banda sonora perfeita que nos leva estrada fora e prolongam os 3:29 numa imensidão temporal que queremos que nunca acabe.  Poverty aproxima-se do fim com um trio de temas que nos põe a bater o pé ou a dançar (Lottery, Old e Similar Way) numa contínua e desconcertante arritmia do baixo, que assume aqui o destaque autorizado pelos restantes membros.

Write to Me termina numa desconcertante ode à musicalidade e curta carreira de Ian Curtis, onde a intensidade e a dedicação imperam.

Poverty chega-nos aos ouvido para confirmar que os Motorama reinventaram o Post Punk de Manchester com muita classe e com o mesmo sentimento que os Joy Division o fizeram. Esta é mais uma obra que todos devemos ouvir, escutar e deliciar.

9/10

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