A indústria musical, como todas as outras, é dinamizada através de uma agenda escondida que faz aquilo que tem de fazer para atingir o seu objetivo principal: vender, fazer girar a roda, obter o máximo lucro. As playlists das rádios mais populares e dos canais de tv são quase sempre condicionadas por esta dinâmica e limitam-se a mexer os bracinhos ao sabor do pequeno fio de marioneta (editoras, opinion makers) que as controla.
Rock, Pop, Hip-Hop, Eletrónica e todos os géneros e subgéneros (inventados para distinguir o que é semelhante) são apanhados, de tempos em tempos, nesta teia. A fórmula é quase sempre a mesma: determinada banda/autor obtém um sucesso inesperado e as editoras apressam-se a limpar o pó dos demos e apertar deadlines de todos os seus ativos parecidos com aquele que iniciou a moda. Foi assim com as boysband e as songwriters femininas nos anos 90, foi assim com o grunge, foi assim com a britpop. É sempre – sempre – assim.
Este ano quem encabeça a agenda musical é a música folk, pela primeira vez em décadas. Um êxito inesperado dos ingleses (parecem americanos, não parecem? Pois…) Mumford & Sons foi o gatilho para uma loucura generalizada com a música folk. E de repente o mundo despertou para ela e é vê-los desejar partir pela estrada fora ao som de um bom banjo e de um tipo que só veste camisas de flanela e um colete aos quadrados. Até o velhinho Dylan teve direito a novos fãs!
É certo que a cena indie sempre acarinhou o folk (Belle & Sebastian, Camera Obscura, Bon Iver ou Fleet Foxes são exemplos) mas desde a década de 70 que esta não tinha honras de mainstream. Mumford & Sons, Of Monsters And Men ou os The Lumineers são exemplos de artistas com airplay significativo. Como em tudo nesta indústria, é no peixe miúdo que devemos atentar e o coletivo de Denver, Colorado, é a melhor uva do cacho. O disco de estreia dos Lumineers é uma lufada de ar fresco no universo country-folk e um trabalho de produção absolutamente maravilhoso de Ryan Hadlock (produtor, entre outros, dos Gossip e dos Foo Fighters). Apanhados nesta nova onda musical, os Lumineers são um daqueles casos de enorme talento que estava no sítio certo, à hora certa. Têm espírito, respeito pelas influências, honestidade e uma timidez encantadora num pacote que deixa vislumbrar uma carreira bonita e recheada de carinho dos fãs (não dos novos, obviamente, que a seu tempo seguirão o seu caminho para a next big thing).