Foram a maior banda da primeira metade da década de 1990. Eram os favoritos dos indie, dos misfits e dos miúdos do mainstream. Passados 20 anos, continuam a ser ouvidos e venerados pelos mesmos grupos de pessoas na nova geração. O que é que os Nirvana nos podem ensinar sobre a indústria musical? O que é que eles têm que 98% das bandas não têm? Como se construiu um culto quase infalível com enormes legiões de seguidores? Aqui vão 5 razões!
1. Simplicidade. Um exemplo: apesar de ambos serem enormes, o que é que separa os Beatles dos Pink Floyd? A simplicidade/complexidade dos conceitos, da sonoridade, da estética. Progressões de 3 cordas, letras sem grande significado e uma estética de classe média desenquadrada são perfeitos para extensas – e ecléticas – legiões de fãs.
2. MTV. Kurt Cobain foi o símbolo do maior agente do mercado dos anos 90, a MTV. Ser um “MTV Darling” à época significava sucesso imediato. Numa indústria que não vive só do talento – de outra forma, Bleach, o álbum de estreia, não teria sido absolutamente ignorado – a MTV catapultou os Nirvana para banda da moda, como símbolo maior de um movimento imparável que foi o grunge.
3. Atitude. Apesar de hoje, volvidas 2 décadas, os Nirvana terem associados a si uma narrativa dramatúrgica, uma carga soturna, a verdade é que nos 90’s Nirvana significava diversão. Partir guitarras na televisão, dar concertos de pijama ou insultar jornalistas são apenas alguns dos exemplos. Os Nirvana conviveram muito bem – ao contrário do que se possa pensar – com a atenção mediática. De outra forma nunca poderiam ter ficado tantos anos no topo e ter tido o airplay brutal que tiveram.
4. Morte. Não haverá, neste texto e na História de Nirvana, outro elemento tão fundamental quanto este. A morte de Kurt Cobain foi o click que faltava para lançar Nirvana para a eternidade. Funcionou com os Doors, com os Joy Division, é o que distingue a imagem pública de Lennon da de McCartney. O suicídio do vocalista permitiu duas coisas: envolver a História da banda numa grande carga dramática que desperta curiosidades e, o mais importante em todas as mortes de jovens criativos, impediu que se viessem a conhecer os traços de decadência que são comuns a todos os músicos. Não se conheceram as alterações de som, as intrigas da banda, os maus discos e a incapacidade para manter a mesma prolificidade.
5. Energia. Apesar de todas as razões invocadas para a construção de um mito desproporcionado relativamente ao talento, há algo inegável em Nirvana: a energia. Por vezes, parece que a banda se aguentava somente na sua energia: nunca foi sobre a música, sobre as letras, sobre a voz do vocalista, etc. Nirvana é, como talvez nenhuma outra banda a este nível, angústia e energia puras. Dou 100 euros a quem conseguir ouvir Nirvana e não sentir nada, de bom ou mau. E é isto que garante que os próximos 20 anos não sejam muito diferentes.