O regresso do Super Bock Super Rock à Herdade do Cabeço da Flauta no Meco era aguardados por muitos há alguns anos, e nada melhor do que um dia eclético repleto de variedade musical. Lana del Rey e Cat Power são os nomes mais fortes deste festival, mas o público mais jovem ansiava por receber os The 1975 e os mais os menos jovens pela electrónica suave dos Metronomy.
O dia começa com Salin e os Glockenwise. Nada melhor do que duas bandas que propagam a nova musica portuguesa pelas emissoras nacionais garantindo assim mais airplay à musica que por cá se faz. Foram actuações competentes e que souberam agarrar o ainda pouco público à frente do palco.

Já com o ambiente mais composto, o Palco LG acolhe os minhotos GrandFather’s House. Já com alguns anos palmilhados, os GrandFather’s House já sabem para o que vêm, alternando a sua sonoridade indie rock com a melancolia da voz de Rita Sampaio gerando uma mescla emotiva que rendeu a plateia do SBSR.
Entretanto dava-se inicio ao concerto de Marlon Williams no Palco EDP. O músico neozelandês regressa assim a Portugal para mostrar os seus primeiros trabalhos, com maior destaque a Make Way For Love, disco de 2018 que catapultou o musico para grandes eventos.
Dono de uma voz forte que amarra-nos, Marlon Willians mostrou-se animado e comunicativo, percorrendo a sua curta mas competente discografia, animando as hostes. Temas como What Chasing You, Dark Child ou Party Boy foram os que arrancaram mais sorrisos e ensaiaram os coros do público.

Estava na hora de Cat Power subir ao Palco Super Bock para um dos momentos mais aguardados da ainda tarde de quinta feira. Charlyn Marshall mantém intacta todas as suas qualidades enquanto performer, não deixando uma nota solta ou um acorde ao lado. Manhatan e The Greatest foram os temas mais aclamados pela maior plateia até ao momento. Cat Power mostrou-se sempre muito grata ao público que a recebeu exemplarmente, deixando a artista norte americana com vontade de regressar.
No Palco EDP Dino D’Santiago trazia até ao SBSR ritmos africanos. Morna e algumas pitadas de kizomba foram dançadas por uma plateia bem animada que se mostrava carente de ritmos quentes.
Estes são tempos diferentes que permitem esta multiculturalidade musical sem que o festival perca identidade. Tanto vê-mos o público a agitar-se com sonoridades africanas como posteriormente nos deparamos com o mesmo publico a usufruir de sonoridades mais mainstream como o funk dos Jungle ou a electrónica dos Metronomy.
Tempo para os lisboetas Madrepaz subirem ao Palco LG para apresentar uma serie de canções de deambulam pelo pop e o rock com as influências americanas bem vincadas. São texturas limpas e trabalhadas que trouxeram o colectivo liderado por Pedro Rosa e Canina ao SBSR, e a sua performance não deixou indiferente os que optaram por marcar presença.

São 21h e os Jungle assumem o papel principal deste momento do dia. Já não vale a pena falar da alegria que os palcos deste colectivo londrino emanam quando é deles o papel de animar e garantir a felicidade de quem está diante deles para ouvir, sentir e dançar. Heavy California, The Heat, Busy Earnin’ ou Happy Man são temas obrigatórios em concerto, permitindo que as vibrações fluam harmoniosamente como se um onda sinusoidal perfeita fosse desenhada no céus do município de Sesimbra.
Entretanto no Palco LG dá-se início à actuação de Branko. Depois dos Buraka, há uma nova vida em João Barbosa. DJ reconhecido por misturar batidas electrónicas com a mescla cultural que viveu enquanto lisboeta, com muita africanidade e muito Brasil a serem debitados enquanto que se torna quase impossível parar.
No palco Super Bock é o momento para os The 1975 iniciarem a sua actuação. O palco era circundado por jovens num nível de ansiedade elevado que se tornou numa explosão assim que Matty Healy e os seus companheiros pisaram o palco e começaram a debitar acordes dos seus hits. Com uma actuação onde engloba grande produção, os The 1975 estão rapidamente a caminho de se tornarem num ícone do mainstream e desta nova geração MTV. Com ambientes quentes e a presença de bailarinas extremamente energéticas, é fácil a colagem a colectivos como os Crystal Fighters que fundem as sonoridades mais comercias da pop com texturas sul americanas.

Está na hora de abrir o Palco Sumersby, e as honras ficam a cargo de um astro em ascensão por estes dias. Conan Osíris é sem dúvida um músico que não gera concordância. A forma despreocupada que aparenta ter na concepção musical e o mergulho nas origens do fado, aplicando-lhe novos ambientes garantem-lhe toda uma falange de apoio que não o abandona.
Polémico nas intervenções, astuto na forma como comunica com os seus fãs, Tiago Miranda tem mostrado que está a aprender rapidamente a lidar com o hype que começou há coisa de ano e meio e que se começa a transformar em sucesso seguro na nova música nacional.

Pouco passam das 23h e os Metronomy iniciam a actuação que irá encerrar o Palco EDP. Tal como durante a acutação de Branko, o colectivo liderado por Joseph Mount apresentou-se no Meco como uma das certezas deste festival. Assente numa equipa que dá garantias aos seus “adeptos”, os Metronomy foram debitando os seus êxitos mais mediáticos que todos queriam ouvir. The Bay, Reservoir, Old Skool ou Love Letters provocam na plateia uma espécie de alegria contagiante que provoca espasmos e não nos deixa parar de dançar.
A actuação dos Metronomy termina com You Could Easily Have Me num momento de êxtase geral que fez com que, quem perdesse o início do concerto de Lana Del Rey, não se sentisse minimamente defraudado.

E por falar em Lana Del Rey, eis que chega o momento que muitos aguardaram. Com um palco super produzido, onde não faltaram as palmeiras e um baloiço, reproduzindo um pouco o ambiente que encontra em Venice Beach, a sua zona de residência, a norte americana apresentou-se como o ponta de lança que todas as equipas desejam na frente do ataque.
Lana já começa a mostrar muita experiência na forma como aborda as actuações. A intro de West Coast e Born To Die logo a abrir deixaram os milhares em ponto de ebulição e a partir daqui, o céu é o limite. Não falhou momento nenhum da sua actuação, mas caso isso acontecesse, Lana estava protegida pelo público que cantou a uma só voz todos os temas interpretados pela nova-iorquina.
Video Games é entoada com o movimento do baloiço e Summertime Sadness só provoca mais uma explosão de lagrima naqueles fãs mais acérrimos e incondicionais.
A actuação termina ao som de Venice Bitch deixando no ar alguma saudade dos fãs que terão de aguardar até à próxima vez.
Terminado o concerto de Lana Del Rey, dá-se a debandada geral do recinto, e aqui surgem algumas complicações. Já foram muitas as edições do Super Bock Super Rock no Meco e o problema está principalmente na chegada e na saída do recinto. Uma só estrada que tira os festivaleiros do recinto é manifestamente limitado, no entanto, compreendemos que a organização deste evento pouco ou nada poderá fazer. Estes problemas repetem-se ano após ano quando a música chega à vila do Meco.
