Does baby like weird?
– Quando o estranho se torna belo
Depois de uma estreia discreta com Fauna em 2008, foi com o álbum homónimo de 2011 que a dinamarquesa Oh Land nos encontrou nas rádios com a sua electrónica, aparentemente querida e inofensiva. Sun of a Gun ou Wolf and I são, no entanto, bons exemplos de temas fáceis de ouvir, bastante ligeiros e agradáveis, dotados de um twist muito próprio, o subtil tom de estranheza que Nanna Øland Fabricius se permite acrescentar ao panorama pop. Ainda assim, tratou-se de um álbum eminentemente “bonitinho”, tudo era relativamente agradável e aéreo, sem grandes ondas.
Numa postura de pleno contraste, o novo Wish Bone apresenta momentos de mais difícil acesso, estranhos, como parece ser a aposta estética da cantora, tanto nas músicas como nos vídeos. Não deixando, quase sempre, de ser relativamente leves, as canções que compõem o imaginário deste trabalho são feitas de tornar o feio bonito, ou pelo menos interessante. Exemplo disso é o tema Renaissance Girls, primeiro single, em cujo vídeo look e coreografia estão manifestamente deslocados do ar mais girly a que se poderia associar a melodia. Já My Boxer é descaradamente provocatório e estoura qualquer expectativa pré-estabelecida sobre a cantora. Aí, música e vídeo estão numa perfeita e estranha, tão estranha, sintonia. Por seu lado, Love a Man Dead apresenta-se talvez como o tema que melhor equilibra esses dois lados, oscilando inteligentemente entre estrofes tão cor-de-rosa quanto o célebre White Nights e o lado mais cinzento e obscuro que agora experimenta.
oh land
Porém não se sente em Oh Land uma vontade despropositada de chocar, parece simplesmente ter-se fartado do papel de princesa e Wish Bone aponta para efeitos bastante positivos a nível criativo. Agora que já deu cabo dos rótulos que lhe tinham sido atribuídos, está mais livre para explorar outros registos. Daí resulta um trabalho mais variado que, não quebrando totalmente a produção passada – basta ouvir o novo single Pyromaniac –, conta agora com picos de energias distintas, de reacções inesperadas. Um álbum menos fácil do que o antecessor mas, talvez por isso, globalmente mais interessante.