Patti Smith vem a Coura!


Patti Smith vem a Coura!


Bem-vindos último dia de PDC, partilhado com o público mais bonito do país.
Este foi um dia lindo em Coura e até a chuva decidiu dar tréguas.

O dia começa com uma music session de Time for T, seguido da abertura do último dia de festival, no palco Vodafone FM. A banda descreve-se como uma mistura de Bob Dylan e Fela Kuti com um background elétrico, composto por influências do Brasil, Portugal e Espanha. Uma sonoridade folk, açucarada, com melodias e ritmos super groovy, conquistam a plateia. Esperamos apanhar estes rapazes lisboetas por aí, talvez com uma entrevista e uns finos (imperiais) associados. Fica a dica ;)

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Por sua vez, Ganso, abrem o palco principal com muito néctar que atrai, todo o tipo de povo para a encosta do palco Vodafone. A banda portuguesa chega com referências lo-fi, um som com sprinkles de psicadelismo, banda desenhada e até José Cid. Uma banda que partilha uma semelhança com Capitão Fausto, mas com uma pitada psicadélica. Pistoleira lançou o caos no palco principal, com direito a moche e tudo.
Uma performance bastante sólida dos rapazes do Sul, à qual esperamos ver mais.

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Alice Phoebe Lou chega a Paredes de Coura com o seu Indie rock jazzy, uma voz super atmosférica e com muito Blues e Soul que encheu de doçura o palco Vodafone FM. A cantora sul africana promove a sua música junto de um público recetivo, aberto as sonoridades criativas e cativantes da cantora e escritora.

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Mitski é uma cantora Nipo-americana de Indie Rock. Chega ao palco principal assumindo uma persona muito dominante em palco, e rapidamente contagiou a plateia. Temas como Nobody cativaram o público e fizeram desta, uma performance memorável em Paredes de Coura.

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A banda lusitana Sensible Soccers, entra em palco com os seus formatos descontinuados/atualizados para uma grande performance, como sempre.

Promovendo Aurora, o seu último trabalho com a produção de B fachada, a banda parte de sintetizadores foscos, teclados velhos, e uma seleção tímbrica que preenche e dá cor a uma paleta sónica. Um som que nos apresenta o novo, relembrando sonoridades passadas com o estatuto de vintage. Festarola, uma verdadeira viagem a um mundo pixelizado e eletrónico. Temas como Shanpom e Chavitas fizeram as delícias de um público que teimava a bater pé e não arredar dali, apesar da grande Patti Smith estar ali ao lado. Sofrendo por você varre o palco Vodafone FM e cria um dos melhores momentos da noite. Uma banda que tem palco em qualquer festival, em qualquer lado, em qualquer altura.

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A rainha sobe ao palco.

Patti Smith, a rainha o rock’n’roll conta já com 72 anos de idade e subiu ontem ao palco principal de Paredes de Coura. Quem achava que ia ser “aborrecido”, teve a surpresa de uma vida. Patti e a sua banda encontram-se bem de saúde e não têm medo de o mostrar. O show começa com uma receção à medida de uma rainha. Patti não demora a agradecer com People Have the Power e Rondo Beach. A aceitação é total e a plateia mostra-se mais barulhenta que o costume. Com uma cover de Are You Experienced de Jimi Hendrix, Patti aproveita para deixar uma mensagem, “Menos nacionalismo, mais união!”, recordando que Jimi, sempre foi um defensor que juntos somos mais fortes e melhores.
Patti, não só traz a Coura uma mensagem de união, compreensão e respeito mútuo como não perde uma oportunidade de, ao bom velho estilo do rock´n´roll, stick it to the man: “Fuck Trump!” Temas como: Ghost Dance, seguido de uma cover de Beds are Burning de Mid Night Oil, passado por Dancing Barefoot e Beneath the Southern Cross. Patti eleva a plateia, a plateia eleva Patti e nesta simbiose de grandeza, acontece um dos melhores shows, se não o melhor da 27ª edição de Paredes de Coura.

Com Patti abismada com a recepção de Coura e por todo o amor que leva em palco, tempo de seguir com I’m Free / Walk on the Wild Side (Rolling Stones & Lou Reed), atirando Neil Young para o barulho com After the Gold Rush. Para finalizar a noite, marcada por uma agenda política com mensagens de união e tolerância, Patti lança Pissing in a River, Because the night e acaba com uma cover de Them da música Gloria, incluída em Horses, disco de estreia de Patti Smith. Uma performance soberba, uma incursão pelos hits que marcaram uma geração, várias até. Deixou-nos de queixo caído e pelo que conseguimos perceber, além do enorme grau de qualidade que esta edição albergou, podemos afirmar que se pode medir por Patti a aceitação do resto das bandas em Coura. A plateia mostrou-se viva, receptiva, muito, muito alta, e cooperante com a mensagem da cantora norte americana que deu um show e mostrou a muita gente que o rock está bem de saúde e recomenda-se.

Foi um dos, se não o ponto alto da noite e quiça, do festival em si. Foi um gosto e um prazer assistir a tamanho espetáculo, um concerto que fica para a vida, ao bom e velho estilo do Couraíso.“Fuckin peace and love, brother!”

Foto: Hugo Lima

Kamaal Williams, conhecido como Henry Wu é um músico e produtor britânico que conseguiu a “estrelinha” ao lado do baterista Yussed Dayes em 2016. Daí nasceu The Yussed Kamaal Trio. Uma reflexão sobre o jazz contemporâneo e experimental com fortes influências por parte do funk e soul, aliado a uns samples particulares que tanto correm o afro como o broken beat. Em PDC, Kamaal traz o seu atual projeto que corre, mais ou menos, pelas mesmas linhas do seu anterior.

Kamaal tem uma espécie de ligação ao cósmico e espiritual, talvez venha da sua forte ligação à religião muçulmana. É recebido como um Imperador e atua como tal. Uma performance memorável no último dia de Paredes de Coura.

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Madlib & Freddie Gibbs queria vir ao festival em 2016, mas “tentaram prender-me”, confessou Freddie. Mais vale tarde que nunca e em 2019 Fred e Madlib têm a oportunidade de pisar o palco principal do couraíso. “F*#* police” foi palavra de ordem e tanto Madlib como Fred trouxeram a Coura o melhor do hip hop internacional. Com um je ne sais quoi de Tupac, Fred esteve à altura dos reconhecidos samples de Madlib que já é uma lenda viva do mundo do hip hop. Tivemos oportunidade de ouvir temas como: Giannis feat Anderson Paak, Crime pays, Flat Tummy Tea, etc.

Trouxeram festa, loucura e muitos saltos acompanhados por copos de vinho branco, mostrando que em Coura há lugar para este estilo musical. No final da festarola, foram “expulsos” do palco. Eles não queriam ir, mas havia uma agenda a cumprir e Suede estavam prontos para rebentar a escala. Uma brilhante performance da dupla americana que não deixou esmorecer o show do último dia.

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Está na hora de terminar as festividades no palco principal do Vodafone Paredes de Coura e a missão está a cargo da icónica banda londrina Suede. O desafio que o coletivo liderado por Brett Anderson terá de enfrentar, não é só o encerrar um festival, mas também atuar depois da Rainha Patti Smith ter dado um “show de bola” épico e de Freddie Gibbs & Madlib adicionarem com demasiado sucesso o Hip Hop à equação deste festival. 30 anos de carreira, Brett Anderson & Co. são mais do que suficiente para os Suede não são de se encolherem e partirem para mais uma atuação que ficará na memória dos festivaleiros de Paredes de Coura. As One e Ousiders abrem o caminho que seria muito iluminado, mas é em We Are the Pigs que a plateia começa a mostrar que também está de voz afinada.

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So Young do disco de estreia dos Suede e Life is Golden de The Blue Hour, disco editado já em 2018, mostram que os Suede continuam a saber compor com 30 anos de carreira pelo meio, mostrando-se sempre fiéis às suas origens. Está na hora de começar a debitar os sucessos de muitos anos e começamos a ouvir Trash seguido dum Animal Nitrate revelando toda a energia que ainda reside no corpo de Brett Anderson. Beautiful Ones, talvez um dos temas mais marcantes do coletivo londrino é entoado a uma só voz e agitado pelos corpos que não se cansam de dançar e se deixam contagiar pela animalidade de Brett Anderson.A noite termina ao som de uma versão acústica de She’s in Fashion que nos deixou arrepiados pela emotividade partilhada entre músicos e público e com a icónica New Generation de Dog Man Star.

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O after estava entregue a Flohio e a Jayda G. Garantiram que iam entregar toda a festa possível a quem ainda não queria ir dormir, ou sequer pensar e
m sair do recinto, afinal, são 4 dias que ficam para sempre no couração.

Termina assim a 27ª edição de um dos melhores festivais nacionais. Um cartaz que cumpre, e entrega. Uma curadoria que alcança uma demografia vasta com ofertas para todo o tipo. Os passes e bilhetes diários esgotados são o indicador mais forte de um festival que, de ano para ano, acrescenta sempre.

Este ano foi o maior em termos de afluência. Aumentaram os bilhetes e a oferta foi bem recebida por quem adora o festival, no entanto, achamos que menos 3000 a 5000 pessoas aumentavam exponencialmente a qualidade deste festival. É de notar o recinto lotado, congestionado, um rio repleto de gente, uma “Costa da Caparica” em pico de verão. João Carvalho garantiu que melhorias iriam acontecer, e há coisas que haviam de ser repensadas.

Couraíso está bem de saúde e recomenda-se. Isto, ainda agora acabou e já estamos cheios de saudades.

Até para o ano Coura e por favor, nunca mudes!

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