O terceiro álbum é aquele que muitos deixam de aparecer, ou então a confirmação de uma certeza. Peixe : Avião resolver ruborizar esta situação e confirma-nos que é à terceira que chega a sua vez.
Madrugada foi uma evolução relativamente ao primeiro 40.02, e três anos depois a história repete-se, com o colectivo de Braga a mostrar uma capacidade de regeneração que apenas está ao nível dos predestinados, garantindo-nos 40 minutos de deleite auditivo.
Os Peixe : Avião conseguiram conciliar a vertente indie rock dos álbuns posteriores com uma pitada de dança, fazendo-nos correr sonoramente para Radiohead, sem que a ideia de uma cópia da banda de Thom Yorke seja transparecida. Há uma aproximação exemplarmente conseguida aos sons mais alternativos que os anos 80 nos deram, com requintes de perfeccionismo primorosamente aplicados.
Este trabalho surge-nos como ruptura com o passado, e um avanço para caminhos sinuosos onde a estética sonora é minuciosamente trabalhada. Temas como Espirais ou Ecos são percorridos com astúcia e agarrando o ouvinte à “telefonia”. Prismas, Ponto de Fuga, Pele e Osso ou Avesso, são marcadamente os temas mais fortes e que suportam sonoramente Peixe : Avião, e é com Amarras que nos libertamos de toda uma obscuridade exemplarmente percorrida para um momento mais colorido.
Não é certo que Peixe : Avião tenha muitas horas de airplay, mas certamente será alvo das mais elogiosas críticas.