Once More With… no feeling at all.
Não é este o nome do sétimo álbum de estúdio dos Placebo, mas bem podia ser.
Longe estão os tempos da prolongada adolescência de Brian Molko que, à custa de muito drama existencial, proporcionava aos fãs momentos tanto de introspecção e melancolia como de revolta. Toda a sua postura se reflectia quer nas letras quer nas melodias, através das quais comunicavam com o mundo. Agora, dezassete anos passados desde a sua estreia, privilegiam a comunicação impessoal e vazia das redes sociais, e isso reflecte-se também. Já aqui tivemos oportunidade de comentar Too Many Friends, a canção mais paradigmática, mas o resto do álbum segue-lhe o exemplo.
Loud Like Love, tema de abertura que dá nome ao álbum, apresenta um som fácil, agradavelzinho, com um certo ritmo, claramente pensado para single; Scene of the Crime até não parece má de todo, embora sem nada de especialmente digno de nota; de Too Many Friends, primeiro single, já dissemos o suficiente; Hold On To Me vale apenas pela perspicácia dos versos «Who let the cat out of the bag?/Who told the world that I was older?/Who laughed at all I had?/Who said the race was over?». Não sabendo quem o disse, a neutralidade deste tema, assinado por uma banda cuja essência era a irreverência, dá vontade de concordar. Até porque logo depois se ouve prontamente «Rob the bank!», uma tentativa muito pouco eficaz de remeter para esse passado tão mais estimulante.
A Million Little Pieces e Exit Wounds, de tom mais melancólico conseguem, a correr bem, fazer recordar qualquer coisa ali pelo Meds; Purify podia constar de Battle For The Sun; Begin The End e Bosco acrescentam também muito pouco, ao álbum, à banda e ao panorama musical.
Em comparação com o antecessor Battle For The Sun, no seu conjunto este Loud Like Love parece apontar novamente para o lado mais dark do trio, mas com letras sem grande profundidade e reduzindo o volume até do lado mais pop que tinham já alcançado, o resultado é um álbum que, não sendo terrível, é muitíssimo tépido. Não irá com certeza criar muitos novos fãs nem é realmente suficiente para os de longa data. É um álbum que vai de certo vender bastante bem, mas sobretudo por aqueles que teimosamente querem continuar a gostar de Placebo e não tanto pela qualidade do trabalho em si.