Primeiro dia de Vilar de Mouros

Primeiro dia de Vilar de Mouros

Eis que Agosto tem a honra de receber mais uma edição do EDP Vilar de Mouros – o festival de rock mais antigo da Península Ibérica. Esta é a 50ª edição, e o cartaz – não desaponta.

É caso para um pequeno reparo, cá entre nós, que talvez o paraíso esteja no norte de Portugal. Esqueçam lá os Algarves! Depois do Couraíso e corações apaixonados, Caminha ganha uma cor especial.

Este é o primeiro ano do Noizze no EDP Vilar de Mouros. Com um público diferente do que estamos habituados, crianças, e (até) cães, esperam-se 3 dias de civismo festivaleiro, já que toda a velha guarda está aqui presente.

O tempo é quente, as paisagens, aterradoras. Neste primeiro dia ansiamos a atuação de Anna Calvi e The Cult. Mas primeiro, vamos a quem abriu o número redondo desta edição.

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Tape Junk, abrem o palco MEO às 19h30. A banda portuguesa formou-se em 2012, com membros da família Pataca, entre eles João Correia, Bruno Pernadas, Benjamim, Frankie Chavez. O álbum deste ano, foi misturado e gravado por João Correia, em casa! Couch Pop, o mais recente lançamento, está presente em todas as plataformas digitais e também em cassete, para os mais alternativos.

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Somos presenteados com ritmos e guitarras amigáveis, dignas de um belo sunset de Agosto. O tema “General Population” conquista a plateia, que continua a chegar-se cada vez mais próximo ao palco. A banda aproveita a sua boa presença em palco para fazer chegar algumas palavras ao público, por sinal, bem simpático. Depois de “Down”, música do último álbum Couch Pop, João Correia aproveita para mencionar que o merchandising da banda está à venda, e que o mesmo é para ser adquirido, bem como aproveitou para agradecer a toda a organização de Vilar de Mouros por esta oportunidade.

Tape Junk, que são também uma “banda com sentimentos” [risos no palco], acabam o concerto em nota de indie rock, com um “ganda cenário”, disse João Correia.

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Uma hora depois, e ainda no mesmo palco, The Wedding Present assaltam o festival. Já com as barrigas cheias, e uma ou outra cerveja, o espírito do público já é outro. A banda formou-se em 1985, em Leeds, Inglaterra, e depois de terem passado vários membros pelo “culto” agora podemos contar com David, Charles, Danielle e Melanie. E porque em equipa que ganha, não se mexe, os 4 elementos em palco dotam de um equilíbrio quase perfeito.

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Charles Layton, baterista de The Wedding Present e Art Brut, toma o palco sozinho. As baquetas são aquecidas e Melanie Howard não tarda a fazer-lhe companhia, para aquecer (e bem) o baixo.

“Blessed by the woman power”, David Gedge centra-se em palco, com as duas mulheres da banda. Ecoam as palavras “It’s nice to be back”. Vilar de Mouros está envolvido por um grande carinho, sem sombra de dúvida. “Corduroy”, “Go Out and Get’em Boy” foram alguns dos maiores êxitos que a banda nos ofereceu.

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Tempo para Anna Calvi no palco principal, depois de nos ter visitado no Hard Club, em Outubro de 2018. O palco já está preenchido e começa a ser agradável ter algum calor humano. As sombras e ar mais fresco dão lugar ao sol que antes cobriu, e bem este recinto. A artista e compositora de 38 anos traz a Vilar de Mouros o melhor de Art Rock/Pop, e mostra mais uma vez, que o poder – é das mulheres!

A audiência é completamente cativada em “Indies or Paradise” e “As a Man”, do álbum “Hunter”, de 2018.

Quando o single “Wish” dá início, a plateia mostra as palmas (muito bem ensaiadas) juntamente com a guitarra de Anna, que é assoberbante. Esta é a primeira (de algumas) apoteose, com mais de 10 minutos. Um deleite, que acaba com o psicadelismos a subir ao palco.

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Calvi, esteve sempre muito presente em palco, e veio apenas confirmar a voz melódica que tem, muito bem acompanhada dos seus acordes sedutores, aos quais é impossível resistir. Neste concerto, houve tempo para tudo, incluindo, um solo hipnotizante, mesmerizante, impressionante. Quando Deus criou a mulher, vamos admitir que se esmerou nesta artista.

“No More Words”, “Desire”, “Don’t Beat the Girl Out of My Boy”, “Alpha” e “Ghost Rider” ditaram o fim do concerto, com direito a joelhos no chão.

A voz de Anna Calvi ecoou, e bem, no Portugal profundo.

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Therapy trazem-nos o melhor do rock alternativo da Irlanda do Norte. A banda, formada em 1989, mostra-nos como se faz, e de onde vem o melhor do Metal Alternativo e Punk Rock. Andy Cairns, vocalista, entra em palco e desabafa o seu protesto “I’m sorry that I’m speaking English, but my Portuguese is fucking terrible. I’m from Ireland… So my English is bad as well!”[risos na plateia]. O público, estava colado no palco, nas palmas, nas letras que completavam com vontade.

Therapy acabam este início de noite com uma atuação “politicamente correcta”, mas com muita coisa contra a política: “Fuck Donald Trump, fuck Boris Johnson, fuck Brexit, fuck the English Government”.

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Manics Street Preachers trazem consigo uma imensidão ao palco principal. O público prova que a festa ainda continua, e que este primeiro dia de festival, ainda é uma criança.

A banda do país de Gales, formada em 1986, já conta com 33 anos do melhor Rock e Punk Alternativo. James Dean e Nicky Wire tomam o palco num estado de euforia, que agarra desde cedo a plateia.

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“Motorcycle Emptiness”, do álbum Generation Terrorists, rouba corações, e alguns corpos também, já que a dança – foi infindável. Manics deram um concerto bastante coeso e sempre dentro da mesma linha. A mesma, foi quebrada com a cover “Sweet Child of Mine”, de Guns ‘n Roses, a qual ninguém estava à espera.

Um momento um tanto ou quanto confuso, mas que puseram a plateia toda a ecoar a uma só voz.

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Era a vez dos The Cult subirem ao palco EDP. Com o relógio a bater nas 1:30 da manhã, Ian Astbury & Co. começam o show com Sun King, fazendo a plateia saltar e levantar dos telemóveis para guardar o regresso do colectivo inglês a Portugal.

A voz de Ian Astbury já não é a mesma coisa de outrora mas isso não faz com que os The Cult percam “o pedal” dos anos 80 e 90 e partiram para uma actuação que contou com os sagrados Sweet Soul Sister, Fire Woman, Rain ou She Sells Sanctuary, tema que ainda hoje provoca alguma apoteose e pitadas de histerismo juntos dos fãs incondicionais do melhor rock n’ roll feito nos anos 80.

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A noite termina ao som de Love Removal Machine, outro dos grandes clássicos dos The Cult e que uma vez mais fez do EDP Vilar de Mouros o local mais feliz da Península Ibérica.

Hoje contamos com uma noite tão clássica como a de ontem e com o ambiente ainda saudável.

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Texto: Carolina Roseira Rodrigues
Foto: Nuno Coelho

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