Profecias ciganas a fechar o Vilar de Mouros 2019

Profecias ciganas a fechar o Vilar de Mouros 2019

Terceiro e último dia de EDP Vilar de Mouros. Ao contrário do dia de ontem, o recinto encontra-se “vazio”. Ao certo, não sabemos se devido ao futebol, ou se está tudo arrebatado ainda, da noite de ontem, depois da porrada que Skunk Anansie e The Offspring nos ofereceram. Por outro lado, ainda bem. As quase 20 mil pessoas no recinto do dia 23 de Agosto, fizeram com que as boas condições ficassem aquém. 

Jarojupe inauguram o palco MEO, pouco depois das 19h. Hoje o dia começa mais cedo, já que a pedalada não é a mesma. 

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Neste último dia, os “tugas” do rock têm finalmente um lugar de destaque. A banda mais antiga do rock minhoto sobe ao palco, e os 6 elementos tomam muito bem conta dele. 

A banda de Heavy Metal formou-se em 1981 e é oriunda de Viana do Castelo. Jaime Parente lidera o microfone, e consegue cativar a plateia, com palavras bem portuguesas, e que sabem tão bem. O último álbum do grupo, foi editado em 2008 e intitula-se de “Next Step”, contudo, nas redes sociais já circula novo material, com uma imagem que suscita bastante curiosidade, dado o “lado negro” da coisa! 

O povo aplaudiu, cantou e vibrou. 

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Tempo agora para outra banda de Leeds, Inglaterra, pisar palcos portugueses. Falamos claro, de Gang of Four. A banda apareceu em 1976 como um grupo de post-punk. O palco inundou-se de algum dance-punk e funk rock, até que um dos plugs da guitarra, avariou. Momentos de silêncio em que o guitarrista e vocalista Andy Gill, sossega a plateia, afirmando que este é um problema normal, e que o show pode e deve continuar. 

Entertainment!, o primeiro disco da banda, editado em 1979, é o que nos oferece mais músicas durante este concerto. “Anthrax” e “Not a Great Men”, fazem o deleite do público.

Foi uma boa sessão de guitarras, palmas, e muito muito rock à mistura. 

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Linda Martini, sobem ao palco principal às 21h20, cheios de power. Estes jovens dispensam apresentações, e já andam por estas vidas desde 2003 – a banda mais jovem deste festival! Cláudia, Pedro, André, Sérgio, e Hélio, mostram a Vilar de Mouros quem manda e como é que se faz isto do Rock Português. 

Amor Combate faz a plateia cantar a uma só voz “O chão que pisas sou eu”, enquanto que em Unicórnio de Santa Engrácia, o headbang é geral. 

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O álbum homónimo foi o que tivemos mais prazer de ouvir, com êxitos como Boca de Sal,  Gravidade, Caretano e Semi Tédio dos Prazeres. Tivemos a prova viva de que o grupo, para além de dispensar apresentações, mantém a qualidade num nível a que já estamos bem habituados. 

A banda apresentou-nos uma cover de Jorge Palma, “Frágil”, que a nosso ver, foi super bem recebida. Putos Bons e Cem Metros Sereia, terminam a noite. Da nossa parte, fica a faltar “Quase se Fez uma Casa”, mas fica para a próxima! O palco principal não podia ser melhor bem estreado, neste último dia. 

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Fischer-Z vêm do Reino Unido e são liderados por John Watts. A banda de rock formou-se em 1982, para não fugir à regra da maioria das banda deste festival. 

Com uma presença bastante notável em palco, John, vocalista, faz questão de trocar palavras com o público, e nós, agradecemos! No início do concerto, houveram alguns imprevistos técnicos, o que hoje tem acontecido bastante. “We have been invaded by these things here, and guess what, I’m gonna take it off!” – diz John acerca dos earplugs que o incomodavam, e não melhoravam a situação. É então pedido para aumentar o volume dos microfones e das guitarras, e a festa continuou. 

Êxitos como Room Service, Tightrope, Battalions of Strangers e até uma balada intitulada Big Wide World, este foi um concerto para tudo. Para dançar, cantar, muitas pessoas a filmar, e sim, os fãs eram dos verdadeiros. 

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Prophets of Rage trazem um dos momentos mais esperados da noite. A banda americana de rock/rap traz Vilar de Mouros abaixo! Com uma setlist de ouvir, saltar e chorar por mais, este último dia está taco a taco com o segundo dia do festival. Foram 15 músicas de puro headbang, moche, punhos no ar, e muitos berros – tudo isto em loop, claro. 

Tom Morello, que dispensa apresentações (certo?), entra em palco e coloca toda a plateia ao rubro. 

Fotografia de João Machado, cortesia da Headliner

Tivemos o prazer de ouvir 4 bandas numa só: Prophets of Rage estão associados aos Rage Against the Machine, Public Enemy, Cypress Hill, e Audioslave. 

Testify e Unfuck the World abrem as portas a este “assoberbanço” de concerto, onde a palavra de ordem foi “moche”. Em Guerilla Radio e Take the Power Back, onde achávamos que não havia mais power, era só olhar para alguns miúdos de 5 e 6 anos, nas cavalitas dos seus pais, no meio da rave. O momento esperado de Killing in The Name chega, e o cenário em palco muda. Chega um ecrã vermelho com as seguintes palavras: FAÇAM PORTUGAL ENRAIVECER NOVAMENTE. E assim foi, com muito gosto! 

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Ainda houve tempo para mais uma música, que segunto Tom Morello, nós merecíamos. Por nós, podiam ser mais umas 5 ou 6… Mas ainda há Gogol Bordello. 

Perto das 01:20 é a vez dos Gogol Bordello entrarem em cena para encerrar as festividades dos EDP Vilar de Mouros. Depois da surra velha que os Prophets of Rage deram à plateia, cabia aos Gogol dar continuidade ao nível da actuação da banda de Tom Morello. Quem conhece Eugene Hütz & Co. sabia que isso estava garantido. Antes deste concerto sussurrava-se na plateia que “o festão ainda não acabou!”. Nada mais certo!

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Voltou-se a instaurar o caos positivo na plateia de Vilar de Mouros. Arrancar o concerto com Not a Crime, Wonderlust King permitiu manter incendiado o ambiente e fez com que os Gipsy Punks passassem parte do seu tempo a agradecer o carinho da “portuguese crowd” que já começa a ser tão famosa quanto alguns ícones da música.

É impossível estar atento a um elemento da banda, pois a hiperatividade de todos é contagiante e no público só se pensa em dançar e viver aquele momento.

Wonderlust King elevou a noite a uma realidade paralela onde os problemas não existem e a vontade de dançar, dançar e mostrar o nível de felicidade superam todos os problemas que uma sociedade possa enfrentar. A noite termina ao som de Baro Foro tema de Multi Kontra Culti vs. Irony, disco de 2002 mas que continua a manter-se bem actual.

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Resumindo e concluindo, em balanço, esta 50ª deixou muito a desejar. Da parte da organização esperava-se mais, até para quem está a cobrir o festival. 

Esperemos que para o ano as condições melhorem, mas que o cartaz, mantenha este nível! Até para o ano Vilar de Mouros!

Texto: Carolina Roseira Rodrigues
Foto: Nuno Coelho

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