Senhoras e senhores, monstros, bruxas e feiticeiros, gremlins e ghouls!
Bem-vindos à 10º edição do SonicBlast Fest. Agora, como uma nova casa na Praia da Duna do Caldeirão, em Âncora. Qua saudades que tínhamos destas andanças! Pelo cartaz, avizinhava-se um autêntico arraial a gingar fortes mambos de Stoner, Doom, Trash, Psych e tudo o que existe pelo meio.
O “blast off” deste festival esteve a cargo da banda Pledge no Stage 3. A banda Lusitana de Post-hardcore iniciou o seu trajeto algures em 2018 entre Viana do Castelo e Porto. Com algumas pessoas ainda a acordar do “Sonic warm-up” de dia 10, que contou com as participações de Shima, Temple Fang, El Perro, Toxic Shock e Misleading, podemos dizer com toda a certeza, que esta banda consegui marcar bem o passo do primeiro dia “oficial” deste festival que é tão querido à equipa do Noizze!
A inauguração do Main Stage 2 fica a cargo de Madness. Dali, saiu o mood perfeito para que os The Devil and the Almighty Blues, diretamente de Oslo, pudessem estrear o palco principal com o seu “Heavy-Stoner-Mud and Syrup Blues Rock”. O “switcharoo”, entre os dois palcos principais, ora à esquerda, ora à direita tornava muito difícil perder pitada do que estava para vir.

Slomosa, fortemente inspirados por um cocktail bombástico de Kyuss e Black Sabath desbravaram caminho para os nossos buddys do “Heavy Psych”, King Buffalo. O trio de New York, formado em 2013 efetuava assim a sua première no SonicBlast. Não podemos dizer que existiu um nervoso miúdo já que estes rapazes já abriram para bandas bem “estabelecidas” como All them Witches (com infeliz cancelamento nesta edição) assim como Clutch, Uncle Acid & the deadbeats, The Sword and Elder.
A dada altura, Meatbodies com uma saca cheia de garage rock bem americano abrem caminho para que, W.I.T.C.H., que não perderam tempo a atiçar a plateia com o seu “Zamrock” (por serem oriundos da Zâmbia) formado algures nos anos 70. “We Intend To Cause Havoc” inundaram o recinto com uma onda mais dançável, enquanto alguns se preparavam para recarregar energias e “enfiar no papo” munição para resistir o que aí vinha.
O power trio de Nebula, com uma mistura cósmica de riffs densos, space rock, eletric blues com nuances de psych abrem para Stöner, “brainchild” de antigos membros de Kyuss. Brant Bjork e Nick Oliveri juntaram-se, algures em 2020, para abençoar, não só este festival como toda esta realidade em que vivemos com mais Stoner/Desert rock daquele que só eles sabem como se faz.

Saltamos diretamente para o trash hardcore dos Toxic Shock. A banda natural da terra das bolachas belgas, não demorou muito a convencer a multidão que stages dives e crowd surfs eram uma excelente ideia. Não podíamos estar mais de acordo.
Às 00:20 é a vez de SLIFT fazerem a sua estreia no SonicBast! Os irmãos Jean e Rémi Fossat acompanhados pelo baterista Canek Flores protagonizam um dos momentos mais aguardados por vários festivaleiros. Durante o dia, por entre os “corredores” do festival, foram abundantes os comentários que este não só seria o momento do dia/noite como também de todo o festival. Quanto a isso não nos atravessamos a confirmar, mas podemos dizer com toda a certeza que foi um dos highlights desta 10ª edição, não fosse o pandemónio causado. O trio de Heavy-psych oriundo de Toulouse aproveitou para promover várias músicas do seu mais recente filho – Levitation Sessions.

A difícil tarefa de terminar a noite do único dia de festival que não esgotou ficou a cargo de duas bandas. A primeira é um quarteto Bracarense auto-intitulado como Travo. Senhores de um som bastante particular com muito para dar, a banda roça o experimentalismo, mas parece querer fazer um “all in” no rock psicadélico com fortes influências dos anos 70. Embora sendo de Braga, estes malucos não deixaram a porta aberta, eles levaram a porta com eles.
Com a entrada escancarada, a segunda banda ainda tinha a árdua tarefa de queimar os últimos cartuchos dos festivaleiros mais resistentes e claro, enterrar pescoços fustigados de tanto headbang! A missão não podia ter ficado em melhores mãos: uma das formações mais avassaladoras a sair nos últimos tempos da cidade invicta. Falamos claro de Cobrafuma. Banda composta por José Roberto Gomes AKA “Zezinhomylove”, Luís Chaka, Azevedo e Rui Pedro Martelo (membros de bandas como Killimanjaro, Greengo, O bom o mau e o Azevedo, entre outras) provocaram um vendaval de thrash-metal, hardcore-punk e sludge, que testaram as fundações do recinto. Não só do recinto, mas também das grades que seguravam o público, morto por entrar palco adentro tamanha foi a loucura. Se não estão a ver imaginem o Valentim Loureiro em plena campanha, mas invés de oferecer micro-ondas e aspiradores eram bitcoins e barras de ouro. Fiquem atentos que estes senhores ainda vão partir muita coisa.
Ora bem, medidas cheias, dores no pescoço um Voltaren no papo, decidimos descansar. Ainda há muita poeira para levantar e caos para semear! Até amanhã, doces.

Fotografia: Nuno Coelho