Reportagem . Kasabian @ O2 Brixton Academy

Reportagem . Kasabian @ O2 Brixton Academy

Portugal é um dos palcos mais acarinhados pelos artistas internacionais, pois a entrega do público é por demais evidente. São muitas as bandas e artistas que sempre que pisam os palcos nacionais não conseguem esconder a alegria e satisfação por ter diante de si um público tão participativo e ligado ao que sai do palco. Há mesmo quem venha uns dias antes para desfrutar da beleza do nosso país e da simpatia das nossas gentes. Quando se trata de acolher visitantes, não há crise. Humildemente, somos gente que dá o possível e o impossível para que todos se sintam melhores do que em casa.

Mas como público, fã ou repórter, há sempre a vontade de experimentar um palco internacional. Quanto mais não seja para comparar públicos, interacção artistas vs público, e os próprios artistas a actuarem diante do seu público.

E uma vez mais, deixamos o nosso cantinho e fomos até Londres para assistir a uma das 5 actuações que os Kasabian tiveram na semana passada em Londres. A O2 Brixton Academy trabalhou exclusivamente para os Kasabian de 2 a 6 de Dezembro, com casa sempre cheia, ou como eles dizem “5 nights sold out”.

Quando tivemos de escolher uma noite, optamos pela noite do dia 5, sexta-feira. Um concerto à sexta é sempre mais “aguerrido”. Estamos a deixar uma semana de trabalho para trás e vamos viver aquele espectáculo como se fosse a melhor coisa que nos aconteceu durante toda a semana. Se tivemos uma semana muito produtiva profissionalmente, melhor, vamos celebrar, e ter os Kasabian como mestre de cerimónias é um privilégio.

19H e as portas abrem-se, e a fila já está composta, o que nos leva a pensar que a noite promete. A Brixton Academy é uma sala acusticamente exemplar e visualmente muito bonita. O lado clássico dos britânicos está bem transposto nesta sala. A decoração da sala é a original, as alcatifas mantêm-se no chão e os “rococós” estão lá todos.

São 19:45 e os The Maccabees sobem ao palco para a “primeira parte”. Com uma actuação competente, a banda londrina preparou bem o caminho para o prato forte da noite, aquecendo a garganta de muitos que também foram para aproveitar dois concertos com um bilhete. A banda terminou a sua actuação de cerca de 40 minutos com Pelican, talvez o tema mais carismático dos The Maccabees e também aquele que mais fez agitar o público.

Finda a actuação dos The Maccabees, surge-no em grande destaque uma contagem decrescente, onde somos informado que temos meia hora para preparar a coisa. A actuação está de tal maneira estudada e trabalhada, que a pontualidade britânica é escrupulosamente cumprida, e ao bater do último segundo… temos os artistas, o prato principal. Com o palco completamente escuro, surge à nossa esquerda Sérgio Pizzorno de guitarra acústica em punho e à nossa direita Tom Meighan. Começamos a ouvir os primeiros acordes de Bumblebee e pensamos que vamos ter um início calmo e relaxado. Erro… É logo no primeiro refrão que o caos é instalado na Brixton Academy. Eram pints a voar, era moche, era crowd surf… um início verdadeiramente apoteótico dos meninos rufias/bonitos de Les-tah. É aqui que percebemos que esta banda foi feita para isto mesmo, pisar um palco, animar e ser animada.

Tom Meighan recentemente disse à Time Out Londres que ao vivo os Kasabian são fantásticos, melhor “We’re fucking Call of Duty […] We’re a fucking fantastic live band. On our day we’re unstoppable“. Presunção? Talvez. Anda perto da realidade? Completamente. Os Kasabian não precisam de mega palcos mega dispendiosos. Precisam de um set de instrumentos e deles próprios, sempre liderados por Sérgio e Tom, acompanhados por um grupo de meninas de violino e contrabaixo.

A coisa foi fluindo da melhor forma possível. Hit após hit, o colectivo de Leicester iam fazendo a coisa eximiamente, e as pints continuavam a voar. As antigas Shoot the Runner, Underdog ou Days Are Forgoten preparavam a fresca eeh-ze, que uma vez mais punha a Brixton Academy perto da erupção. Chega então o momento de Sérgio, e sem Tom, agarra a plateia com uma interpretação bem emocional de Bow e depois de uma forma mais ligeira surge-nos Me Plus One.

Tom regressa para continuar a festa e Club Foot. Re-Wired que foi exemplarmente misturada com Word Up dos Gun. Treat ou Swichblade Smiles transformam novamente a Brixton Academy numa panela de água fervente. Mas há temas que por si só fazem qualquer banda especial, Empire e principalmente Fire fazem dos Kasabian algo de muito único e singular.

Tempo para o encore da praxe e para mais três temas, a orelhuda Stevie, a desconcertante Vlad the Impaler e claro, a obrigatória LSF que tem sido introduzida por Praise You de Fatboy Slim.

A festa termina com o público rendido por completo à banda e vice versa. Sentiu-se a comunhão banda/público. Os Kasabian são Reis no Reino Unido? Completamente.

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