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A chuva voltou a decidir marcar presença no Primavera Sound Porto e o arranque da tarde ficou marcado por concertos molhados de Fumo Ninja, Quadra e Surf Curse.
O coletivo de Nevada, donos de um auto intitulado punk ocean trouxeram ao Parque da Cidade energia e irreverência característica do punk e provocou os primeiros momentos de calor coletivo com um moche pit bem composto e energético.
Seguiram-se os The Beths no Palco Super Bock. Esta que é a nova banda favorita de Phoebe Bridges, chegou ao Porto com um leque de canções melodiosas, que entram bem à primeira audição que fazem parecer os poucos raios de sol numa tarde de verão quente e agradável. Os The Beths em palco não são o grupo mais virtuoso e energético que iremos ver, mas trazem consigo a energia certa para o momento que passamos juntos.
Chegam as 18:40 e no Palco Plenitude já temos tudo preparado para voltar receber os The Murder Capital, depois da muito positiva visita em Agosto ao Vodafone Paredes de Coura. O coletivo inglês marcado por texturas ácidas, ríspidas e cruas é um justo herdeiro do post punk britânico que bebe da mesma inspiração de Joy Division, Swans ou Gang of Four e que deixa tudo em palco para que não se sintam remorsos de ineficiência artística, algo que não será fácil de acontecer, uma vez que estamos diante de alguém que quer viver cada segundo em cima de palco.
Gostos à parte, este era para nós o momento mais aguardado do dia. Sim, somos aqueles que olham para as letras mais pequenas dos cartazes de festival. Uma vez mais não demos por perdido nem um segundo do nosso tempo diante de uma banda que apenas traz consigo dois disco na bagagem, sendo que um deles tem poucos dias de vida e já nos soa tão bem como hits antigos. Vale a pena viver para assistir a concertos iguais aos que os The Murder Capital nos oferecem.
Entretanto no Palco Super Bock os Alvvays iam começando a sua atuação diante de um público que não tinha medo da chuva que começa a mostrar vontade de aparecer e estragar o fim de tarde ao público que compareceu em massa ao Primavera Sound. A Banda canadiana trouxe uma vez mais a Portugal o melhor que o indie pop consegue mostrar com temas orelhudos e reconfortantes como Archie, Marry Me ou Dreams Tonite.
No Palco Porto Arlo Parks encontra uma plateia muito composta e expectante por voltar a receber a cantora e compositora inglesa que faz das suas canções composições de cariz mais introspectivo facilmente identificável para uma geração com dificuldades em assimilar a velocidade estonteante deste mundo novo que está ligado 24/24 e que não se quer render à depressão coletiva. O concerto de Arlo Parks foi uma vez mais intenso e comovente não deixando ninguém indiferente à intensidade que a cantora inglesa deixa em cima do palco.
Gaz Coombes, músico inglês que em 2010 arranca um projecto em nome próprio deixando para trás os Supergrass. Com disco nova na bagagem, Turn The Car Around, lançado já em 2023, Gaz Coombes fez-se apresentar com a sua banda e os temas com ambientes mais orelhudos e guitarras de fácil assimilação marcaram a sua atuação no Primavera Sound Porto, embarcando o público numa viagem ao indie rock britânico dos anos 90.
Michelle Zauner apresenta-se no Primavera Sound como Japanese Breakfast e trouxe consigo a habitual energia contagiante e atmosfera emotiva. Mostrando-se sempre muito feliz, a cantora norte americana proporcionou à cidade uma noite de temas alegres como a pop deve ser. A plateia soube sempre retribuir a entrega da cantora e compositora norte americana nesta noite molhada e emotiva.
Entretanto no Palco Porto, os The Mars Volta de Omar Rodriguez-Lopez e Cedric Bixler-Zavala iam proporcionando um dos momentos mais aguardados para os que têm os riffs de guitarra a correr no sangue. Que Dios Te Maldiga Mi Corazon, disco editado já este ano traz toda uma componente caliente ao portfólio da dupla que uniu esforços numa Califórnia de raízes latinas que funde sonoridades do rock com texturas do jazz e algumas pitadas de sons latino americanos.
