Bem-vindos ao segundo dia de Sonic Blast na linda terra de Moledo.
O dia começa logo bem com uma banda do Porto chamada, O Bom O Mau e o Azevedo. Tudo isto começa quando o Azevedo estava a criar músicas para um vídeo jogo, que acabaria por nunca ser lançado. Na volta, ainda bem. Assim nasceu uma banda. Uma espécie de surf rock com influências western, instrumental com guitarradas dignas de estar numa película de Tarantino. Como sempre estes senhores entregam a Modelo tudo de si. Et voilá estão abertas as festividades.

Pelas 15h já se ouviam os acordes de Mr. Mojo, que seguem com a festa com o seu fuzzy-punk-rock lusitano em estado bruto, uma performance da banda lusitana que atiça mais povo para a zona do “perigo”, junto ao palco.
Petyr aproveitaram o palco já quente, e entregaram-se aquele gosto psicadélico esmagador que tanto gostamos. As influências da skater scene são notáveis não fosse o frontman, Riley Hawk, o filho do pro skater Tony Hawk. Estão também presentes fortes influências de Black Sabbath e dos seus padrinhos e conterrâneos, Earthless. Riley é um pro skater tal como o pai, e “shreds” tanto com um skateboard nos pés ou com uma guitarra nas mãos.

Lugar para Zig Zags ocuparem o palco. A banda de LA traz a Moledo uma fusão entre o punk, metal, stoner rock, e “trailer trash culture” em geral. Receita que agradou muito à plateia e a S. Pedro, que se mostra mais conservador em soltar precipitação, deixando até uns raios de sol banhar o palco principal. Zig Zags adoraram a sua estreia em Portugal e foram presenteados, do outro lado, com muito moche e crowdsurfing. Por aqui, só nos resta dizer que esperamos ver estes senhores em terras lusitanas brevemente.

A fundo, chegam ao palco principal os Viage a 800 com um misto stoner/doom rock explosivo! Até porque não seria nada fácil replicar o ritmo impresso pela banda de LA. Os nosso hermanos de Andaluzia deram uma performance carregada de power, digno de quem anda a trilhar palcos desde 1998.

Kaleidobolt sobem ao palco. Este heavy power rock’n’roll trio com um pezinho no psych irrequieto, prometeram levar-nos numa viagem interstellar a todo o vapor. Se conseguiram? Bem, podemos dizer que foi uma experiência de stoner um bocado diferente do que estamos habituados, mas Kaleidobolt cumpriram a sua missão com muito sucesso, meninos e meninas.

Chegou a vez de Belzebong subirem ao palco. Os polacos abrem para Orange Goblin, um dos nomes mais esperados do dia, que tiveram de antecipar a sua performance por motivos de agenda. Belzebong atiraram para a atmosfera de Moledo uma stoner/doom masterclass onde o headbang imperou e o mood foi desde logo estabelecido.
Mothership, podem mandar vir Orange Goblin. Estamos prontos!

Orange Goblin aterram no palco principal com toda a pujança que lhes é reconhecida. A banda inglesa formada em 1995 move-se entre o doom, o heavy metal clássico e o stoner rock. Não perde tempo a cativar a plateia e a prepará-la para o que viria a ser um dos pontos altos da noite.
Sons of Salem, High Tide Rising, The Wolf Bites Back, Time traveling Blues, Some you Win Some you Lose – foram alguns do hits que assaltaram moledo. Com a plateia refém da sonoridade da banda londrina, com um caso agudo de síndroma de Estocolmo, Ben Ward lança uma homage a Ian Fraser Kilmister, mais conhecido por Lemmy, falecido em dezembro de 2015, com o tema No Class. Um lindo gesto que nos encheu o coração e nos relembrou da falta que Lemmy faz ao mundo.
Com a frase: “Take care of each other”, Ben Ward encerra uma performance absolutamente incrível por parte de um dos cabeças de cartaz da 9ª edição deste festival. Aqui na Noizze, foi a primeira vez que conseguimos ver estes senhores e já acendemos uma velinha para que não seja a última.

Stoned Jesus seguiram uma das melhores performances que tocaram no palco do Sonic Blast. Desde logo, a banda prometeu que ia tocar temas do seu mais recente trabalho: Pilgrim, mas assegurou que seriam ouvidas coisas bem mais antigas. A plateia, que já se encontrava de joelhos desde Orange Goblin, ali ficou. A banda Ucraniana inicia o show com os riffs poderosos de Hands Resist Him, seguido do tema Excited. O público respondia com a mesma moeda flamejante.
Sem tempo a perder, não querendo que ninguém apanhasse um resfriado, a banda oferece uma canjinha de Black Wood e Thessalia.
Entre músicas, o vocalista sondou a opinião de Moledo sobre o mais recente single de de Tool, ao que a plateia mandou um redondo: NÃO! Apôs um sorriso, Igor Sydorenko inicia a tão esperada: I`m The Mountain com um snippet da intro da “Unsainted” do último trabalho de de Slipknot.
Todas as pessoas no Sonic foram “convidadas” a subir e a descer uma montanha, num teleférico psicadélico, vezes e vezes sem conta, e isso, foi sem dúvida um dos melhores momentos da noite.
Depois de Apathy, ainda houve tempo para o vocalista gravar alguma coisinha para o Instagram, já que, havia que registar o gigantesco regabofe de Stoner/Doom, ao estilo de bandas como Black Sabbath e Electric Wizard, que para ali andava.
Após um forte agradecimento pelo amor que lhes foi mostrado em Moledo, Stoned Jesus voltam para um encore com Here Comes The Robots, música que vinha fechar uma das performances mais memoráveis da noite. Acendemos mais uma vela.

A tarefa de fechar o segundo dia de festival, ficou a cargo da banda Dopethrone.
Os canadianos sobem ao palco com uma mistura abrasiva de doom, stoner e sludge metal apoiados pelos fortes vocals de Julie Unfortunate e Vincent.
Uma performance cheia de power, que acabou fechando a noite em grande.
Ainda houve tempo para uma mensagem sponsored by Dopethrone: “Support your drug dealer.”

Fechamos assim mais um dia de Sonic Blast, de coração cheio pelas bandas e momentos que nos foram proporcionados. Mas, nem só de concertos vive o Homem e dormir, também é preciso.
Texto de Márcio Machado e fotografia de Nuno Coelho