Sharon Van Etten . Are we There

Sharon Van Etten . Are we There

Por vezes surge um artista que exclama que vai produzir o seu próximo álbum e me tira o sono. Fico imediatamente preocupado pela excessiva liberdade que artistas jovens desperdiçam ao prescindir do apuro técnico que só um par de ouvidos experientes pode conferir. Sharon Van Etten tem trinta e três anos e este “Are we There” é o seu quarto álbum.

São canções no limite da tristeza antes que se torne depressão, manuais de como os amores chegam e partem e por vezes se repetem sem réstia de mágoa ou contenção. Tanto nas letras como nos acordes há conforto numa espécie de conjugação entre instrumentos que se esperaria de uma orquestra bem ensaiada tendo como tom “maestrineiro” a voz da própria Van Etten. É talvez aqui que se torna algo derivativa de Pj Harvey, Cat Power, Feist e até, Brandi Carlile. Durante a audição deste álbum lembrei-me várias vezes destas senhoras que chamam a si a autoria das canções e a composição que favorece o centralismo da voz em canções sobre temáticas muito próximas das de Van Etten.

Outro paralelo com estas vozes, estes nomes, é a obrigação de ouvir repetidamente o álbum para se captarem os detalhes e os compassos de espera na delicadeza de “I love you but I’m lost” ou toda a utilidade do piano solitário de “I Know”.

Na última canção do álbum, Sharon Van Etten exclama que a consideram uma one hit wonder e questiona o que sucederá quando ela conseguir mais um. Há verdade aqui embora as canções, todas diferentes, não tenham, no seu conjunto, uma só que vá ser o tal hit. Não há radiofonia numa só e acaba por haver em todas por conseguinte. É, por fim, um disco para aficionados sem medo de se magoarem, sem reserva de se envolverem.

8/10

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