Skunk Anansie e The Offspring no segundo dia de Vilar de Mouros

Skunk Anansie e The Offspring no segundo dia de Vilar de Mouros

Segundo dia de festival no norte de Portugal, e já com uma espécie de caos, instalado. 

Skunk Anansie e The Offspring são motivos mais que suficientes para encher este recinto. 18.500 pessoas estavam no festival mais antigo da Península Ibérica, esgotando assim os passes diários do dia 23 de Agosto. 

Juntamente com a tremenda enchente de pessoas, o ar já é bem mais frio que ontem, e os mosquitos, esses também vieram em maior número. Era de esperar uma organização digna do primeiro dia, mas isso não veio a acontecer, infelizmente. 

050A8344

Às 19h30 sobem ao palco MEO os Clan of Xymox. A banda de Rock Alemã, que se formou ainda no início dos anos 80, deu um belo concerto, que teve oportunidade de passar pela maioria dos álbuns da banda. Ronny Moorings, cuja voz por vezes falhava, justificou com “Sometimes you loose your voice when you don’t drink enough water.”, frase que suscitou risos na plateia. 

Os alemães terminam a setlist com o êxito Going Round, do álbum Hidden Faces, de 1997. Os beats psicadélicos fazem-se sentir no palco secundário. A terra aos nossos pés treme, o palco treme, mas a banda nao arreda pé do palco nem as mãos do frenezim que vai nas guitarras. Ronny termina esta hora com um belo elogio a Vilar de Mouros “I can’t see more perfect conditions for tonight. It’s perfect.”

050A8540

A noite continua com The House of Love, ainda no mesmo palco. A plateia, continua a crescer a olhos vistos, e não sabemos como. Os Ingleses não perdem tempo em atacar o palco de rompante, e o público agradece. 

Guy Chadwick formou a banda em 1986, e depois do show de Clan of Xymox, a onda psicadélica ainda se faz, e bem sentir! O tema “Plastic” do álbum The House of Love (editado em 1990) fecha o concerto, deixando a audiência sedenta por mais. 

A multidão já vai quase até ao palco principal – coisa que não aconteceu no primeiro dia do Festival. O recinto está “lotado”.

050A8368

Nitzer Ebb, trazem-nos uma performance bastante diferente do que esperávamos ouvir por aqui. Batidas imperativas, a roçar o techno e o electrodance preenchem este bloco. O público, porém, parece gostar e marca o ritmo com passos de dança electrizantes e repetitivos. O transe entrou no recinto, e ninguém nos avisou.

O grupo de Essex, Reino Unido, revela uma performance e presença em palco que muitos artistas não têm. Douglas McCarthy, vocalista, interage bastante com o público, pedindo inclusivé palmas. Mas estas, não saíram como era esperado. Os fãs estavam concentradíssimos em dançar, e beber uns copos – que a noite, esta, continuava bem fria. 

“Obrigado”, é a palavra da noite.

050A8478

Depois deste banho de música post-industrial e electrónica, The Sisters of Mercy mostram que o Gothic Roll não está esquecido em Vilar de Mouros. Formados nos anos 80, esta década deu-nos uma belíssima fornada de artistas. Depois de terem pisado o palco do Coliseu em 2006, estamos com as expectativas altas para este comeback. “Vision Thing”, de 1990 é o álbum que mais teve destaque nesta performance, assim como “First and Last and Always”, de 1985. O Gothic Rock não morreu, e este espectáculo foi a prova disso. Por aqui, esperamos que não demore muito tempo, a vermos estes incríveis em palco.  

050A8534

Skunk Anansie pisam o palco, e a plateia ganha voz, espírito, alma, e tudo o que vocês possam imaginar. A banda, formada em 1994, conta com 6 álbums de estúdio e regressa a Portugal para satisfazer a ânsia e saudades dos fãs. Mark Richardson, baterista da banda, é o primeiro a entrar em cena. Segue-se de Deborah Dyer, mais conhecida como “Skin”, e faz o deleite de muitos com a sua voz, presença, e endumentária em palco. Até ver, a fasquia elevou-se ao máximo com este concerto. Caso para dizer, The Offspring, preparem-se. Depois da música de apresentação, Skin retira a sua capa exuberante, mas os super poderes, vieram para ficar. 

050A8751

O público mostrou-se desde logo receptivo, participativo, e acima de tudo, a viver o momento. A meio do segundo tema, Skin já estava no meio da plateia: inacreditável. A força desta mulher é completamente inconcebível, a presença dos membros em palco, a energia, a devoção, foi sem dúvida a melhor surpresa. Quando não pensavamos que podia ficar melhor, eis que um solo de guitarra nos arrepiava ou Deborah soltava eloquoentemente os seus agudos on fleek.

O tema “Desire” é dedicado ao público, pelos 25 anos da banda, à qual a reação, não podia ser melhor. Em “Little Baby Swastikkka”, Skin agarra-se ao camera man, aproveitando esta deixa para espalhar o charme do costume. 

050A8668

Depois de crowdsurfing, saltar em cima da plateia, e andar em cima da plateia (sim, andar!), nem o Brexit escapa. Uma mensagem muito especial é enviada a todos nós, “Who you see here, are the sons and children of immigrants, so, we look out after you, and you look out after us.”

Já com uma bela coleção de momentos únicos nesta uma hora e um quarto, tempo para Because of You, segundo a banda “A song that changed our life!”.

Obrigada Skunk Anansie, por terem mudado sem dúvida a 50ª edição do EDP Vilar de Mouros.

050A8882

Agora a questão para 50 mil euros! Vieram todos para ouvir “Pretty Fly For a White Guy”, certo? The Offspring finalmente sossegam o frenezim desta gente toda. A banda de rock americana, de 1984 vêm da Califórnia, para arrasar Caminha. Para quem não sabe, antes de serem “The Offspring”, a banda dava-se pelo nome de “Manic Subsidal”. Dexter Holland, o vocalista, já mostra que os anos passaram por ele. A sua performance, um bocadinho mais contida, mas ainda assim, cheia do power que todos esperávamos. Dexter, abismado com a presença do público português, e com o recinto lotado, comenta com alguma graça “Why aren’t this people in bed? Because they know how to fucking party!” Os acordes de All I Want começam a entoar, e mesmo depois da “coça” que Skunk Anansie nos deu, havia força e vontade para muito mais. 

“Original Prankster”, do álbum Conspiracy of One, “Pretty Fly”, “The Kids Aren’t Alright”, fizeram a noite de quase 20 mil pessoas. A “bomba” de “Self Esteem” fecha o concerto, e deixa-nos num tremendo empate entre os concertos de Skunk Anansie e a banda Californiana. Caso para dizer, que existiram sim duas cabeças de cartaz, e Vilar de Mouros, mostrou isso a uma só voz. 

050A8546

Até à performance de Sisters of Mercy, esta segunda noite do EDP Vilar de Mouros, deixou a desejar. O ar já é gélido, mas custou a aquecer. Apesar dos comentários serem bastante positivos acerca da curadoria deste cartaz, recinto, acessibilidade, e organização, temos na nossa opinião que alguns aspectos podiam ser bem melhorados. Contudo, o passado é bem revivido por aqui – e isso, é o que verdadeiramente importa.

De Referir que nos concertos de Sisters of Mercy e The Offspring, a imprensa estava impedida de captar imagens.

Texto: Carolina Roseira Rodrigues
Foto: Nuno Coelho

Previous post
Primeiro dia de Vilar de Mouros
Next post
Profecias ciganas a fechar o Vilar de Mouros 2019
Back
SHARE

Skunk Anansie e The Offspring no segundo dia de Vilar de Mouros