3º dia do Sonic Blast, agora com 100% mais piscina
O dia 3 deste festival começa com uma surpresa que faz a sua estreia nesta nesta edição do festival: a piscina. Devido a alterações atmosféricas adversas e um S. Pedro que tendeu a não cooperar, este foi o primeiro dia em que a piscina do centro cultural abriu ao público.
Palco montado, toalhas estendidas, muitos mergulhos, parecem estar reunidas as condições para a banda Here The Captain Speaking, The Captain is Dead abrirem o dia. Um rock kraut/space rock carregado de psych foi bem entregue a toda a gente que “acampava” na zona da piscina. Nuestros hermanos proporcionaram uma verdadeira viagem pelo espaço sideral, onde tudo o que era preciso para a viagem era uma toalha, protetor solar e cerveja (opcional). Um belo de um kick off para o último dia da 9ª edição desta pérola de festival.

Maggot Heart, o novo projeto da sueca Linnéa Olsson, ex The Oath, segue a mesma linha de heavy rock com uma forte influência punk e post-punk, sobem ao palco para entreter a plateia.

Já são 16h e Cardiel, com o seu Psychedelic/Fuzz/Punk Rock/Dub abanam bikinis e cabeças na zona da piscina, uma performance que cai tão bem como um mergulho na piscina num dia como hoje. A plateia mostrava-se agradada, ora com o tempo, ora com a performance e curadoria. Esta, tem se mostrado ao mais alto nível. Coisa que não se tem visto em abundância nos festivais lusitanos.

Entretanto, no meio de mergulhos, cerveja e sol, chegam ao palco os italianos Giöbia. Trouxeram ao palco e piscina um uma performance influenciada pelo poder alucinógeno da música dos anos 60. Um acid rock mergulhado em psych apurado, que deixaram o palco da piscina num transe patrocinado por este quarteto de Milão.

No palco principal, iniciando a segunda parte deste último dia, surgem Toundra. Uma banda de rock instrumental formada em meados de 2007 em Madrid. Um som atmosférico com forte influência de post-metal, conseguiu arrancar o povo da piscina e transferir a festa para o palco principal.

O público, já no recinto do palco principal, espera Sacri Monti. A resposta para quem já desesperava, neste dia, por uma experiência encharcada de blues e rock psicadélico à anos 70, está para chegar em breve. Haveria de correr bem, não fosse a banda composta por Anthony Meier (Radio Moscow), Evan Wenskay (Sigil of Dragon) e Thomas DiBenedetto (Monarch), Dylan Donovan e Brenden Dellar. Não só havia de correr bem como correu. A banda de San Diego liberta na sua performance um tsunami formado por ondas de distorção, riffs progressivos, aliados a um psicadelismo premium/vintage. É uma receita quase impossível de falhar. Tanto que o frontman de Kaleidobolt saltou do palco para a plateia para um bocadinho de crowdsurf. Podendo, quem nunca.

O quarteto psicadélico Windhand vêm diretamente dos EUA, Virginia, para sacudirem o pó em Moledo, mas não que haja muito para sacudir. Com um cocktail doom/stoner/occult metal muito denso agarraram desde logo a plateia, e não a largaram mais.

Eyehategod é uma banda que dispensa apresentações.
A banda norte americana, oriunda do Louisiana, formada em 1988 é já um nome reconhecido na scene do sludge doom metal. Influências de Melvins, Black Flag e Sabbath são notórias. O que também é notório, e bem, é o power, é quase com uma estalada na cara, mas em bom. Nossa!
Nas palavras de Michael IX Williams: “Sonic fucking blast!”. Damn right!

Depois do bulldozer que foi a performance de Eyehategod no Sonic Blast, é altura de Om, banda de San Francisco, subirem ao palco. O que eles propõem a Moledo é uma viagem coletiva a uma dimensão onde o tempo é medido às semanas. Um stoner experimental que toca a quem tenha o stoner no coração.
Uma das melhores experiências de stoner que tivemos o prazer de presenciar. Pela reação da plateia, podemos dizer claramente que foi um, se não, o ponto alto da noite.

Enquanto que a plateia tentava lidava com o “jet lag” típico de viagens interdimensionais, era a vez de Domkraft subir ao palco para fechar a 9ª edição do festival. Domfraft são altos, hipnotizantes e elétricos!
A banda de Estocolmo, veio encerrar o arraial com uma mescla de Sludge metal e psicadélico, acreditem – foi em grande.
Encerramos assim a nossa reportagem de Sonic Blast 2019. Foi um verdadeiro prazer assistir, não só aos concertos como a toda a atmosfera que se vive neste festival. Houve rock para todos os tipos e gostos. A curadoria foi “spot on”, conseguindo um line up de muita qualidade. É de salientar que estes tipos de coisas não se têm visto ultimamente nos cartazes dos festivais em território nacional. Alguns festivais renunciaram à sua identidade, seja pela busca de novos públicos, seja por curadores com agendas próprias, menosprezando assim os que já tinham conquistado, diluindo, com ofertas pobres e descontextualizadas a identidade do festival.
SONIC BLAST, nunca mudes!
Até para o Ano!