Psicadelismos do Texas antecedidos por uma pitada de rock descomplicado.
O Hard Club foi palco duma noite quase perfeita, onde os personagens desta história estiveram irrepreensíveis.
A noite começa perto das 22h com Ron Gallo, fantasiado de Super Mário, a proporcionar um início de noite de rock cru, desnudado, com texturas a roçar os anos 70 e com uma atitude bem relaxada e divertida.
Gallo esteve cerca de 30 minutos em palco, percorrendo alguns dos seus êxitos, Young Lady, You’re Scaring Me, Allways Elsewere ou It’s All Gonna Be Ok que teve direito a uma intro de You Gotta Be de Des’ree.
Com uma acústica propositadamente rude e crua, Gallo foi mantendo o publico atento e em sintonia com o que se passava no palco.
Mas o prato principal estava reservado para os texanos The Black Angels, e adiantamos já que o publico presente não se sentiu minimamente defraudado com a performance intensa e fortemente composta com sonoridades psicadélicas com lufadas de shoegaze, mas essencialmente eficaz e competente.
É ao passo da bateria de Stephanie Bailey que começamos a ouvir Bad Vibrations e rapidamente deparamo-nos com uma sala pronta para ser aglutinada pela profundidade artística dos The Black Angels.
Molly Moves My Generation seguiu-se e o ambiente aqueceu para I Dreamt, tema do último Death Song.
As texturas psicadélicas foram sendo transmitidas numa tela que era ultrapassada pelos músico, gerando um efeito visual que nos remonta ao passado. Medicine, Currency ou Entrance Song foram temas que provocaram uma maior excitação da plateia, mas é com Comanche Moon que os norte americano terminam primeira parte do concerto, numa ode à sua carreira fiel e coerente.
O encore é iniciado ao som de Science Killer levando-nos até 2008 e a Directions to See a Ghost, segundo disco dos The Black Angels, terminando a noite com dois dos temas mais aguardados de Passover, primeiro trabalho de originais da banda. Bloodhounds On My Trail e o quase hino do colectivo do Texas, Young Man Dead permitiram ao público que esteve presente atingir níveis de satisfação acima do que conseguimos no dia a dia.
Não podemos terminar este artigo, sem uma vez mais, deixarmos o nosso lamento ao público da cidade do Porto. Não é todos os dias que recebemos músicos desta envergadura em salas tão carismáticas como o Hard Club e é lamentável termos meia casa, isto sendo optimista. Não podemos falar de valores elevados porque 24€ é um valor bem razoável para um concerto em nome próprio duma das bandas mais representativas do rock psicadélico.
Não é a primeira vez que referimos esta situação, e num país pequeno como o nosso, assistências no Porto iguais à que tivemos ontem, é um convite às promotoras, neste caso a Everything Is New, de centralizarem cada vez mais os eventos no nosso país.