Com a sua forma particular de combinar funk, electrónica e flamenco, os espanhóis Fuel Fandango (Fuel da parte das máquinas, Fandango da parte da música tradicional espanhola) tornaram-se conhecidos em 2010, com um disco homónimo bem recebido pela crítica. Trece Lunas, o seu seguidor, chega-nos agora, num registo manifestamente mais dançável, onde se puxa mais pelo lado electrónico sem que, ainda assim, se percam as claras referências à cultura espanhola.
As suas 11 faixas são cantadas quase exclusivamente em inglês, existindo porém espaço para uns refrões em castelhano, numa combinação inteligente das duas línguas, excepção feita ao tema-título, integralmente na língua materna desta dupla, composta por Nita (voz) e Ale Acosta (instrumentos vários e produção). O resultado é um disco pop bem concebido – ou não tivesse também o dedo de Duncan Mills, que colaborou no Lungs de Florence + The Machine – e com suficiente personalidade para não ser só mais um. O primeiro avanço, New Life, é prova clara desta fusão. Aparentemente sem nada de especial, surgem de repente uns samples muito disco seguidos do refrão “Me esconderé en ningún lugar / donde yo sé que tu me puedes encontrar”, deixando-nos mais claro que desde o início havia ali qualquer toquezinho especial. Destaque ainda para Read My Lips, energético e contagiante, e Thai, tema emblemático a fechar o álbum.
Se bem que o registo de estreia era detentor de alguns sons globalmente mais curiosos e inesperados (pelos quais vale a pena passar os ouvidos), que justificavam toda a atenção conseguida pela banda recém-formada, este Trece Lunas de tom vagamente mais fácil também não é desprovido de interesse.
Ficamos ansiosamente à espera da sua estreia em Portugal, uma vez que ao vivo são donos de uma energia muito rock, que resulta estranhamente bem com estas coisas da pop e do flamenco.
É estar atento.
