Último dia do regresso ao Meco

Último dia do regresso ao Meco

Sábado de sol é dia de terminar a vigésima quinta edição do Super Bock Super Rock, numa tarde que seria marcada pelo Hip Hop e Rn’B.

No entanto, é com guitarras distorcidas que o dia se inicia. Os The Blinders sobem ao Palco EDP as 16:45 para aquele que seria o único momento onde o estilo musical que dá nome ao festival teria voz. O colectivo de Manchester entrou em cena com pouco mais de 100 pessoas na frente do palco mas a atitude dos músicos foi irrepreensível. Quem é do Rock e do Punk sabe neste momento as dificuldades que existem à volta destes géneros. Programadores que se importam mais com o negócio e menos com a curadoria, agendas complicadas em festivais de verão ou público menos capaz de ouvir música que opta pela plasticidade da pop ou do que é hype, tudo isto reunido fez com que uma das melhores performances deste festival ficasse ridicularizada na abertura de um dia de festival. Com todas estas contrariedades, os The Blinders subiram a palco e fizeram aquilo que estamos habituados em bandas deste género e partiram a loiça toda. Um concerto consistente e irrepreensível fez deste início de dia algo de mais positivo. É de salientar que durante a actuação dos The Blinders mais pessoas se aproximaram do palco EDP e aí se mantiveram até ao fim da actuação. Aguardamos seriamente por concertos em sala destes jovens, pois aí, junto daqueles que os amam, a coisa seja recíproca e não se limite à oferta dos músicos.

No entanto a vida segue e no Palco LG Pedro Mafama começava a sua actuação e aqui já se percebia qual era a tribo presente no recinto. Ouviu-se que estávamos diante de um Conan Osíris 2.0 mas é demasiadamente redutor etiquetar-se o músico de Lisboa desta forma. Pedro Simões em palco assumiu a pele de cantor, mas tudo o que está por trás da actuação deste multifacetado músico é mais complexo do que uma vertente a seguir na música portuguesa. Com um sorriso genuíno sempre presente, Pedro Mafama apresenta-se com sonoridades que fundem os tuaregues com o hip hop e pitadinhas de fado, o concerto chamou pessoas às imediações do palco e foi certamente um sucesso.

Pouco passavam das 18h, Rubel começava a sua actuação no Palco LG. O artista brasileiro é um dos artistas emergentes da nova musica brasileira que está a ganhar bases muito sólidas em Portugal. Foram muitos os temas entoados pelo público presente, mas foi em Quando Bate Aquela Saudade que mais se ouviu e mais se sentiu a intensidade das letras que Rubel aplica.

Os Superorganism trouxeram-nos uma pop desenfreada e por vezes tresloucada na sua performance. Sempre muito bem humorados e com coreografias insanes bem definidas e com uma sonoridade um pouco plástica que por vezes nos soa a Stereo Total. O colectivo londrino trouxe-nos uma série de texturas que apreciamos pela sua complexidade apesar de estarmos diantes de cantores que não brilham nesta arte. Foi uma actuação colorida e divertida que certamente entreteu o público do SBSR.

Tempo de abrir o Palco Super Bock e o privilegiado é Profjam. O músico lisboeta tinha diante si uma plateia muito composta tendo em conta que este era o primeiro concerto do palco principal. Sempre muito activo e com letras fortes, foi debitando hits sempre com a ajuda do público. Se no ano passado actuou num palco secundário, a passagem para o palco principal é uma aposta ganha da organização. Não sendo consensual diante da crítica, Mário Cotrim agarrou o público e matou o game das críticas, pois foi claro que o quem estava lá, gostou!

Hora de Masego. Micah Davis é um músico norte americano que tem tanto de talento como de boa disposição. Masego é aquilo que chamamos de músico da cabeça aos pés. Se Tadow, tema que já percorreu muitos minutos de airplay em rádios, foi logo a segunda malha a surgir no concerto, é a prova cabal que Masego não se importa com hits e confia plenamente na sua capacidade enquanto compositor e na qualidade de execução dos seus acompanhantes. Perfeição é pouco para definir a forma exímia como Masego funde o jazz com a soul e algum hip hop à mistura, mas essencialmente há muito jazz e muita soul na música e nas actuações de Masego.

Janelle Monáe é neste momento uma das artistas com maior cartel, pois apresenta uma carreira coesa sempre ligada à terra e as suas influências. Com uma produção a fazer lembrar outros nomes, Janelle Monáe é encarada aqui como um headliner. Há produção, há coreografias, há dança! Mas aquilo que mais nos cativa em Janelle Monáe é a atitude e aquele Girl Power que tão bem lhe assenta e nos cativa! Se em You Make Me Feel, talvez o tema mais orelhudo da norte americana, a agitação sentiu-me duma forma mais vincada, o resto do concerto foi forte, poderoso e intenso.

A noite não termina sem aquilo que lhe vamos chamar de confusão positiva. Migos eram aguardados como uma espécie de estrelas à escala mundial, talvez mais esperados do que a própria Janelle Monáe, e rapidamente se percebeu que o caos estava instaurado!

Quando DJ Durel pisa o palco principal e começa com alguns movimento verificou-se de imediato que os jovens presentes na front line do publico estavam muito agitados tal era o grau de ansiedade. Durante os primeiros temas verificaram-se algumas situações de maior tensão com alguns desmaios, principalmente de jovens que estavam a ser pressionados contra as grades, mas a situação foi sempre solucionada pelos assistentes de palco que rapidamente auxiliaram quem estava menos bem.

Falando da actuação de Migos, foi intensa, atrevida e indo de encontro com as expectativas criadas pelo anuncio daquele que se tornou no concerto com maior número de pessoas presente. Muito se saltou e muito se dançou.

O Super Bock Super Rock 2019 termina com um DJ Set de Disclosure, que fez com que os resistentes sentissem que estavam numa discoteca de grandes dimensões. Pelo público presente, os Disclosure podiam ficar alí até ao sol raiar e o fim do concerto marcou logo o início de uma pequena depressão

2020 será novamente no Meco, e como é natural há coisas a corrigir, quer ao nível da gestão do transito quer ao nível de alguns melhoramentos no recinto e essencialmente na formulação e distribuição do cartaz…

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