Depois de alcançarem o coração dos portugueses com Chromatic, primeiro longa duração do colectivo lisboeta, a fasquia elevava-se e Diffraction/Refraction era esperado pela crítica e pelos fãs, os maiores críticos, duma forma um tanto ou quanto ansiosa.
Durante este hiato de três anos, podemos ver os You Can’t Win, Charlie Brown a fazer de Velvet Underground, num desafio lançado por Pedro Ramos da Radar FM, sendo este superado com distinção, tendo o seu ponto máximo a versão de Run Run Run.
Partindo rumo ao novo trabalho, Be My World é o primeiro single conhecido, e rapidamente atinge o consenso necessário para se acreditar num regresso em grande dos YCWCB. After December “é Janeiro”, e é “em Janeiro” que se começa o ano, sendo que, não está ao alcance de todos começar o ano de uma forma assertiva. After December é então o primeiro tema de Diffraction/Refraction e é aqui que temos a certeza que eles estão de volta, eles vieram “mais fortes”, mais profundos, mais maduros, oferecendo-nos velocidade e melancolia, adrenalina e paz. Fall For You vai beber muito às origens e influências dos YCWCB, marcando um crescente notório em intensidade e alma.
Num registo marcadamente calmo e melancólico, I Wanna Be Your Fog é uma canção que qualquer casal apaixonado se apaixona facilmente, pela simplicidade e pelo envolvimento que este tema nos transmite, e com Shout a coisa anima-se, marcada pelo ritmo forte e desconcertante da bateria e acompanhada em pelo coro de vozes do refrão, atribuindo a este tema a intensidade para nos prender.
Natural Habitat e Under são duas homenagens sérias e honestas, sem seque se aproximarem a plágio, do bom que Lou Reed e os seus Velvet Underground deram à música mundial e à enormidade de bandas que se formaram depois de ouvir o célebre disco da banana. São temas com uma carga instrumental muito forte, ritmada e com início, meio e fim bem definidos.
O disco encerra com Won’t Be Harmed, num tema onde a simplicidade complexa de Noiserv é usada, criando-nos um crescente anímico e apaixonante.
Os You Can’t Win, Charlie Brown tinha neste disco a sua prova de fogo, e nele depositaram toda a generosidade e envolvência, tornando este um belo exemplar da nova música nacional na sua vertente indie.